CAPÍTULO SETE - Sobre ela.

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Fernando ainda não conseguia acreditar naquele estranho fenômeno. Se alguém tivesse lhe contado, muito provavelmente duvidaria de cada palavra. Mas ele viu, testemunhou com os próprios olhos aquilo que só poderia ser descrito como uma chuva de pássaros.

Escondidos num velho armazém da fazenda, Laura estava sentada e ofegante, cheia de pequenos arranhões e o cabelo completamente bagunçado e com algumas penas presas nele. No momento em que se abrigaram ali, os pássaros começaram a se bater nas paredes, como se Laura tivesse uma espécie de imã ou força sobrenatural que os atraísse, dois chegaram a encontrar alguma brecha e entraram, repetindo aquela cena da morte com os olhos secos.

Não trocavam uma única palavra, apesar de Fernando querer muito dizer algo.

X

Antes de pegar o pequeno caminho embrenhado na mata que levava até sua casa, Thirza sentiu a presença de alguém, tinha uma sensibilidade aflorada, mas não desconfiava de que, sendo quem quer que seja, tinha interesse nela, mas sabia que deveria ficar atenta.
Diana e Bárbara viram a garota entrar pela pequena vereda e se entreolharam, curiosas e deram um tempo até entrarem também, mas foram surpreendidas com Thirza segurando um galho de árvore apontado contra elas:

- O que vocês querem aqui?

- Calma! Nós é que fazemos as perguntas. - Disse Diana.

- Eu é que preciso saber o interesse das duas em mim, afinal, estão me seguindo.


- Você mexe com magia, com coisa do outro mundo, né? - Pergunta Bárbara, ganhando uma cutucada de Diana na costela.

- O quê? Não sei do que você está falando.

Então Diana resolve falar tudo de uma vez:

- A gente viu você e outra mulher ontem no rio. Ela fazia umas coisas com a mão e, de repente, a correnteza parou e do fundo do rio surgiu a Bianca, nossa amiga, que morreu lá.

- Como assim? - Thirza fingiu que estava rindo - Então vocês acham que eu tenho poderes, é isso? Tipo, simsalabim! - Continuou fingindo gargalhadas - Olha, meninas, bem que seria legal, mas, infelizmente, não era eu. E, na pior das hipóteses, vocês estão malucas.

- Será, Diana?

- Claro que não, Bárbara! - E apontando o dedo na cara de Thirza - A gente viu e muito bem visto. Se tem uma coisa da qual eu tenho certeza, é de que uma daquelas duas era você. E eu vou saber mais. - E dá às costas - Vamos, Bárbara.

Thirza espera as duas saírem e só segue o caminho para casa quando se certifica de que já estão longe:

- Ainda mais essa.

A garota chegou em casa e encontrou a mãe lendo o velho caderno da família, era como um caderno de receitas da vovó, mas aquele continha várias magias escritas todas à mão.

- Encontrou alguma coisa que possa ajudar a Laura?

- Não, filha. Dessa maneira eu acho que a única saída é aquilo que eu já havia pensado antes. Mas vai ser uma escolha dela.

X

Marcelo encontrou a casa completamente em ordem, só a piscina que estava muito suja, mas ele tirou a maior quantidade de folhas. Ele lembrou de que já havia passado um fim de semana inteiro naquela casa com Bianca:

Ela precisa voltarOnde histórias criam vida. Descubra agora