CAPÍTULO QUATRO Ela sumiu.

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Laura estava decidida a descer até lá e salvar Marcelo, mas Thirza a impediu que descesse a ribanceira de onde observavam:

- Eu preciso ir até lá, eu preciso saber se o Marcelo está vivo ou não!

- Você não pode.

- Me fala porquê eu não posso.

- Ela é todo o rio.

- Você está falando da Bianca? Tudo bem eu acreditar que, sim, você sabe das coisas que acontecem, tem visões ou algo do tipo, mas isso já é demais. Minha irmã reencarnou na água, foi isso? Que coisa mais ridícula e sem lógica!

Laura desconsiderou o alerta de Thirza e saiu correndo até o rio.

- Eu não falei em reencarnação! – Gritou Thirza e depois saiu atrás dela.

No momento em que Laura se atirou na água para ajudar Marcelo, ela foi puxada para o fundo e sumiu. Thirza mergulhou para tentar puxá-la e podia vê-la sendo levada cada vez mais mais baixo, ela estava desesperada, movimentando os braços na tentativa de nadar, até que Thirza não conseguiu mais prender a respiração e foi perdendo Laura de vista. Quando retornou, com muita dificuldade conseguiu retirar Marcelo lá de dentro. O rapaz estava desacordado, Thirza o deitou no chão e olhou para a água, aflita. Nenhum sinal de Laura.

Quando fez que ia entrar novamente no rio, ouviu a tosse de Marcelo carregada de água saindo da sua boca. Voltou, se agachou e colocou a cabeça dele em seu colo:

- Vai, cospe tudo.

- O que aconteceu? – Perguntou ele, parecendo ter dificuldade em abrir os olhos.

- Você se afogou. – Thirza respondeu, sabendo que aquilo não tinha nada a ver com um afogamento normal.

- E quem é você?

- Uma amiga. Todo mundo está preocupado com você. Precisa voltar pra casa.

- Eu lembro que saí à cavalo, mas não sei como vim parar aqui.

- Agora não importa. Acho melhor você ir.

Quando Marcelo voltou para casa, todos ficaram aliviados. Mas ele não tirava uma coisa da cabeça: Tinha certeza de que vira Bianca, de havia estado com ela há pouco tempo. Podia senti-la em seu corpo numa presença muito forte, inexplicável.

X

Thirza não sabia o que fazer diante daquilo, correu até em casa e contou para a mãe o que estava acontecendo. Depois as duas foram até o rio, quando soube o exato local onde Laura foi puxada, Izabel, a mãe de Thirza, começou a fazer alguns movimentos com as mãos, os olhos fechados, balbuciava algumas palavras inaudíveis.

- Mãe...

Izabel fez sinal com a mão para que Thirza esperasse. Mas o nervosismo da garota dava praticamente para ser ouvido, ela então começou a gritar muito alto e em tom autoritário:

- Bianca! Bianca! Devolve sua irmã!

X

Diana e Bárbara fumavam no lugar de sempre, uma cachoeira próxima dali:

- Espera. – Diana se concentrou – Está ouvindo isso?

- O quê?

- "Bianca... Bianca..." Alguém está gritando por ela, Bárbara.

- Não estou ouvindo nada.

- Parou. Mas vinha lá de cima.

Diana então começou a andar na direção de onde vinham os gritos, Bárbara jogou a bituca de cigarro na água e a seguiu. Andaram uns cinco minutos até que, à certa distância, viram Thirza e Izabel.

- Quem são elas? – Perguntou Bárbara.

Diana fez que não com a cabeça e colocou o dedo indicado à frente da boca para que a amiga fizesse silêncio.

Izabel fazia os movimentos com mais rapidez e as palavras estavam sendo ditas num tom um pouco mais alto. Ajoelhada na beirada do rio, a correnteza parou de repente, a água ficou tranquila como se fosse um lago. Instantes depois se iniciou um movimento no centro e dele, lentamente, surgiu Laura, ereta e completamente imóvel, da mesma maneira que Marcelo havia sido encontrada.

Diana e Bárbara não conseguiam acreditar no que estavam vendo, olhavam uma para a outra, a expressão de susto estampada do rosto das duas:

- Ela ressuscitou a Bianca!

Ela precisa voltarOnde histórias criam vida. Descubra agora