Ela precisa voltar

CAPÍTULO QUINZE - A tempestade se aproxima.

Laura não conseguia entender como aquilo era possível, nunca tinha acontecido nada entre ela e Fernando e nem com ninguém. Mas agora carregava um filho na barriga. Ficou totalmente sem reação, continuou deitada, olhando para Izabel na esperança de que ela lhe dissesse que estava enganada ou viesse com alguma solução.

Nada.

O mundo parecia estar caindo, o enjoo de antes deu lugar a uma dor. E doía forte. Izabel abraçou ela, falou, mais uma vez, que estaria ao lado dela para o que precisasse. Foi quando Thirza chegou e não deu a mínima para o que estava acontecendo, pensou que fosse o prolongamento do que acontecera mais cedo. Tomou um copo d'água, depois pegou uma rede e armou no quarto da mãe.

- Por que você está agindo assim com ela, Thirza?

- Porque eu quero ela e os problemas dela longe de mim.

- Só que o que está acontecendo é muito sério. Você não vaio acreditar no que eu descobri.

Thirza mostrou falta de interesse, mesmo assim Izabel continuou:

- Ela está grávida. Grávida!

- Não me admira. Ela tem um namorado.

- Não se faça de tonta, menina!

- Eu quero dormir, tá, mãe? Chega desse assunto. Amanhã de manhã eu tenho aula.

- Você foi a primeira a oferecer ajuda à ela e agora faz isso, dá as costas. Muito bonito, Thirza. Parabéns!

X

- Acho que alguém veio aqui primeiro e livrou ela. – Disse Bárbara, ao lado de Diana, enquanto as duas estavam diante do banheiro onde deixaram Thirza presa.

- E agora a desgraçada tá com tanto medo que duvido ela aparecer aqui no colégio tão cedo.

Mas Diana estava enganada, ao atravessarem a entrada da antiga quadra, elas viram Thirza passar pelo corredor em direção à sala dela.

- Acho que não.

- Como essa garota é atrevida!

- Deve ter alguma coisa muito grande do lado dela, Diana.

- Ou ela deve ser essa coisa grande.

- E ainda assim você vai continuar insistindo?

- Você acha mesmo que eu sou de dar pra trás por medo? Não tão fácil.

Na hora do intervalo, as garotas abordaram Thirza e, dessa vez, a primeira pergunta foi sobre como ela conseguiu sair de onde havia sido aprisionada. Porém, Thirza as surpreendeu quando ela mesma tocou no assunto que Bárbara e Diana tanto queria: Bianca.

- Querem saber sobre ela, não é? Sobre o que viram naquele dia lá no rio.

- Ora, mas é claro. – Respondeu Diana. – Enfim, parece que te deixar trancada resolveu. Foi uma boa lição e a maneira perfeita de te fazer abrir o bico.

- Não é por causa disso, é porque eu relamente decidi que lavo minhas mãos. Quem sabe ela venha pertubar vocês.

- Então eu não quero. – Falou Bárbara.

- Quieta! – Ralhou Diana. – Pode falar.

E Thirza revelou tudo, falou sobre os conhecimentos de sua mãe e do poder sensitivo que herdara da bisavó, falou, inclusive, do caderno de sabedoria, de como descobriu uma maneira de trazer Bianca de volta e das coisas estranhas que estavam acontecendo. Disse que elas poderiam ter a amiga de volta, se quisessem e que a chave era usar Laura. Reservou o fato de que Laura era responsável pela morte da irmã. Parecia ter tirado um peso das costas, se sentia leve. Talvez fosse um efeito colateral dessa paixão por Marcelo.

- Eu não acredito nisso. – Bárbara disse, depois de ouvir tudo o que Thirza disse.

- Você é mesmo uma tonta, garota! – Pois eu acredito em cada palavra. É claro que ela e a mãe dela têm esses poderes...

- Dons. – Corrigiu Thirza.

- Tá, dons, seja lá o que for! Mas é claro que elas têm, você não viu o que presenciamos lá no rio?

- Sim, mas...

- Me conta como a gente pode te ajudar a trazer a Bianca de volta. – Pediu Diana a Thirza.

X

Laura acordou, em parte despertada pelo sol que atravessava a janela e batia em seus olhos e em parte pelo incômodo causado pela barriga, que era o que estava lhe causando estranheza. E quando se deu conta, ficou ainda mais assustada: Sua barriga havia crescido consideravelmente da noite para o dia. Levantou, já sentindo o peso. Procurou por Izabel, mas não a encontrou em lugar algum. Gritou por ela e sua vista começou a escurecer, sentiu que ia desmaiar, mas antes conseguiu enxergar apenas dois vultos diante dela e depois tudo era só escuridão.