CAPÍTULO TREZE - Cacos.

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Na cachoeira onde Bianca costumava fumar com suas amigas, Laura saiu da água, se esgueirando pelas pedras. Sentia o sol bater em seu rosto, o vestido molhado colado no corpo. Apreciava aquele momento, mantendo os olhos.

Foi surpreendida por uma voz que surgiu por trás:

- Vim buscar o que é meu.

***

Laura lembrava do dia em que Bianca quebrara a garrafa de licor, lembra também de que a irmã havia levado um pedaço de caco da mesma garrafa, a parte do gargalo, e guardado em uma caixinha:

- Pra quê você quer isso? – Laura perguntou.

- Pra cortar sua língua quando você falar demais. – Respondeu Bianca, mostrando a língua e caiu na gargalhada.

- Muito engraçado. – Laura debochou.

O caco ficou lá, guardado na caixinha de Bianca no quarto das duas.

***

Thirza chamou durante um longo tempo por Bárbara e Diana, mas se deu conta de que as duas já não estavam lá, tentou lembrar de algo que aprendeu com a mãe que pudesse ajudá-la. Concentrou-se bastante até provocar um pequeno incêndio no capinzal atrás da escola. Tentou encontrar algum buraco para que pudesse ver se tinha dado certo, mas estava difícil, então voltou a se concentrar e sentiu o fogo se aproxiamando, lá estava ficado quente. Já devia saber que não iria dar certo, que não estava preparada para usar aquilo. Ouviu gritos e começou a pedir socorro. Um faxineiro abriu a porta, livrando-a daquilo:

- O que você estava fazendo aí, menina?

- Eu fiquei presa. Fiquei presa.

- Agora preciso controlar esse incêndio, vou buscar uma mangueira.

Mas enquanto ele correu para encontrar a mangueira, Thirza pôs fim ao fogo usando o que sabia e deixou o local.

X

- Quem é você?

- Não se faz de desentendida, menina! Sabe muito bem que eu sou e porquê eu tô aqui. - Era o cara que vendia maconha para Bianca, um tipo mal encarado e perigoso. – De hoje não passa, quero o meu dinheiro!

- Pois eu já tenho! Só me acompane até em casa.

O sujeito deu um sorriso, revelando a ausência de alguns dentes. Laura levantou e parecia não se sentir incomodada de tê-lo caminhando logo atrás dela. Quando chegou próximo à sua casa, pediu para que ele a esperasse:

- Se você me enganar, garota, eu invado essa tua casa e olha que tu me paga.

- Fica calmo, eu te pago, sim. Só me espera.

Ela balançou na janela do quarto da maneira certa e abriu, pulou para dentro e mexeu em uma caixa. O cara esperava por ela, sempre de olho. Até vê-la voltando:

- Cadê?

- Calma, eu só vim aqui tirar essa roupa molhada, o dinheiro não está aqui, guardei ele em outro lugar.

- Essa história está ficando mal contada.

- Só me segue, tá?

X

Fernando levou Marcelo para caminhar pela fazenda, tinha medo de que ele lembrasse de tudo ali mesmo, mas da forma como estava era até impossível isso acontecer tão rápido, ele pensava. Marcelo agora era calmo e tudo para ele era uma descoberta, quis ver os cavalos de perto, achou aqueles animais incríveis. Fernando ria, mas evitou mostrar o animal que pertencia ao rapaz.

Ela precisa voltarOnde histórias criam vida. Descubra agora