Marcelo chegou com Thirza no colégio. Era exatamente como ela havia sonhado. Ele estava do lado dela, sorrindo. A música que tocava já estava no meio, mas os dois a dançaram mesmo assim:
- Que bom que você está aqui comigo. - Disse Thirza, feliz como nunca havia estado antes
- Era o melhor a ser feito. Eu sei realmente quem sou, Thirza.
- Está falando sobre nunca ter esquecido de nada?
- Como assim?
- Você está fingindo para todo mundo que perdeu a memória, mas desde o início eu sei que lembra de exatamente tudo.
- Caramba! E mesmo assim teve coragem de ficar perto de mim?
- Não precisa ter meu dom para saber que estou apaixonada por você.
- Acho isso um péssimo negócio.
- A escolha não foi minha.
- Você vai conseguir se livrar disso. Você sabe de tudo, sabe que não sou uma boa pessoa.
- Eu sei.
- Você salvou mina vida duas vezes.
Na entrada do baile, surge Diana, vestida de forma elegante, bem diferente dos vestidos juninos das outras garotas. Também usa salto. Caminha entre todos, esbarrando em alguns e atrapalhando suas danças. Bárbara a vê e não entende o que a amiga faz ali. Acha que deve ir até ela, então deixa Pedro e vai.
- Eu sabia que mudaria de ideia. Que esse lance de não vir era uma grande mentira.
- Você achou mesmo, Bárbara? Eu vim fazer essa festa! Eu vou fazer essa festa!
Diana gritava e podia ser ouvida por cima da música:
- Tudo bem, mas não precisa dessa animação toda, está gritando e atrapalhando tudo.
- Atrapalhando tudo? - Diana saca uma arma de dentro da e depois de usar ela para imitar um cigarro, diz: - Você ainda não viu nada!
Bárbara se assusta e grita. Alguns alunos que estão ao redor percebem e começam a correr em desespero:
- O que você está pensando em fazer? - Pergunta Bárbara.
- Eu? Pra mim já deu!
- Você fumou algo mais pesado, não foi?
- Cala essa boca, para de querer ser santinha agora. Você me abandonou, abandonou a Bianca... Achei que fôssemos amigas, caralho!
Thirza e Marcelo notam o alvoroço. Bem no instante em que Diana, transtornada, atira para o teto e instaura o caos de alunos em gritos e correria:
- É a amiga da Bianca. - Diz Marcelo.
- Elas duas são perigosas, já aprontaram comigo.
Ela tem uma arma! Ela tem uma arma!
A música para e só se ouve passos e gritos. Além de outro tiro.
Quando se vê, uma garota está ferida no chão. Diana mirara em Pedro, mas errou.
Marcelo não iria correr e nem ficar parado diante daquilo. Novamente voltou a pensar no que de bom ainda podia fazer depois do milagre de estar vivo.
A direção da escola é avisada da situação, mas não consegue encontrar uma maneira de resolver aquilo. É uma garota enlouquecida com uma arma na mão! Chamamos a polícia?
Marcelo se ajoelha e toma a garota baleada em seus braços. Ela sangra muito.
- Olha o que você fez, Diana! Você enlouqueceu? Pra quê isso? Larga essa arma!
- Não, Bárbara! Tarde demais! Tarde demais pra mim, pra você e pra todo mundo!
Ela então gira, dando exatamente três disparos em sequência, sendo dois certeiros e um de raspão no braço de um professor.
Ninguém se aproxima. Diana está no centro da quadra com Bárbara à sua frente e o sangue da primeira menina que foi acertada do lado. Todos querem sair, mas não conseguem. Quando Pedro consegue se aproximar da entrada, ele corre pelos corredores da escola, sendo engolido por uma multidão amedrontada. Mas quando alcança a entrada principal, descobre que tudo está trancado. Tenta as janelas, mas é em vão. Aquilo está mais assustador e estranho do que parece, quando observa a fechadura, ela está aberta, mas a porta não abre.
Marcelo se vê de braços atados quando vê que não dá pra sair dali. Está coma menina no colo. Pede para que Thirza cuide dela, então começa a chutar a porta. Outras pessoas se juntam a ele, estão todos desejando a mesma coisa: Fugir dali. Mas não conseguem. E aquilo não era possível, parecia que aquilo era obra de algo sobrenatural.
- Marcelo! - Thirza grita. - Marcelo, vem aqui!
- O que foi?
- Ela está morta!
Falhou. Marcelo pensava. Tentou, mas falhou. De repente não fazia mais sentido chutar aquela porta. Desistiu. Thirza ainda tinha a cabeça da garota em seu colo e os olhos fixos em Marcelo, que escorregou as costas pela parede até sentar no chão:
- Mas ainda precisamos sair daqui! - Fala Thirza.
O número de pessoas em correria só aumenta. Mais alunos são atingidos por balas saídas da arma de Diana. É quando ela deixa a quadra e começa a andar pelos corredores, mas no meio da correria alguém esbarra nela e a arma é arremessada para longe. Então Pedro a alcança.
- Agora quero ver se você vai fazer alguma coisa com mais alguém. - Ele diz.
Thirza levanta do chão e corre na direção de Diana, dando-lhe dois tapas carregados de muita força e ódio. Depois a empurra no chão e passa a agredi-la:
- Sai de cima de mim! - Grita Diana.
- Isso é pelo que me fez há algum tempo e todo o resto é pelo que fez com essas pessoas! A troco de quê? Diretor se aproxima e pede ajuda para que os rapazes separem as duas. Em seguida leva Diana até sua sala. Todos aplaudem Thirza.
Mas o mistério de todas as portas que não abriam continuava. De repente todos voltaram a entrar em pânico quando o teto começou a ruir. Aos poucos, pedaços da estrutura caíam sobre todos e era preciso encontrar um lugar seguro ali dentro. É quando outra coisa estranha acontece: Brota água do piso e se espalha com velocidade. Em pouco tempo alguns pontos do colégio estão alagados, sendo preciso nadar.
Com a estrutura ruindo, água brotando do chão, portas trancadas e uma multidão correndo apavorada, Thirza e Marcelo se perdem em meio a multidão. Os dois tentam encontrar um ao outro, mas é em vão. Marcelo então busca uma maneira de se proteger e corre até uma sala de aula, sem água no chão, mas com a energia oscilando, ele pensa que seja melhor ficar escondido embaixo da mesa usada pelos professores e assim o faz. É quando outra pessoa adentra o local, Marcelo só ouve a batida da porta ao abrir e fechar.
- Oi. - Ela o olha sob o móvel.
- Laura? - Ele diz, erguendo o olhar.
- Claro que não, seu molenga!
"Molenga..."
Só uma pessoa o chamava assim.
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Ela precisa voltar
Mystery / ThrillerQuando Laura deixa sua irmã gêmea morrer afogada por conta da raiva que alimenta por ela, coisas estranhas começam a acontecer. Ela então descobre que só encontrará paz se trouxer a irmã de volta.