CAPÍTULO DEZENOVE - A velha manca (Maldição)

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SANTA LIBERDADE, 1961

X

- A gente devia estar na escola, Helena.

- Deixa de ser covarde!

Helena caminhou até perto do velho engenho para encontrar com seu namorado. Tudo às escondidas, claro. A única que sabia de tudo era sua melhor amiga Raquel, que sempre estava com ela. Os encontros eram sempre no horário da aula, pois em outro momento as duas não podiam sair de casa.

- Seus pais ainda estão com aquela ideia de te casarem com aquele velho?

- Infelizmente, sim... Mas eu vou fazer eles desistirem. Não quero casar com aquele veterinário, quero casar com você! É você que eu amo.

"Helena, vamos logo."

A voz nervosa de Raquel interrompia o momento dos dois.

- Calma, sua amarelona. Já tô indo.

- É bom que você vá mesmo. Depois a gente se encontra de novo.

- Daqui dois dias. Aqui e nesse mesmo horário.

- Como sempre.

Os dois se beijam em despedida e depois Helena sai. Raquel fica reparando nos suspiros de paixão da amiga e não consegue conter a risada:

- É, parece que é amor mesmo.

- Claro que é, Raquel. Eu vou casar com o Francisco e... – Nesse momento, uma senhora corcunda, manca e usando uma túnica azul, atravessou o caminho das duas.

- A velha manca. – Disse Raquel.

- Ela me dá nojo! Olha isso, dizem que nem toma banho.

- A gente percebe. Toda suja. Além de ser bruxa, viu.

- Minha avó já comentou. E vive fazendo oração pra livrar ela das bruxarias dessa velha.

- Cruz credo!

- Eu não tenho medo!

- Você é louca, mas duvido não ter medo dela?

- Duvida?

Helena acompanha a senhora que segue seu caminho:

- Ô velha! – Helena diz.

A senhora virou o rosto e olhou bem nos olhos de Helena, mas não disse nada e continuou a andar:

- Você não está vendo que estou falando com você? – Gritou Helena.

- Eu não sou obrigada a falar com quem não me trata com respeito.

Raquel faz sinal para que Helena volte, mas a garota insiste e segura o ombro da velha manca:

- Não respeito bruxa que faz todo mundo ficar com medo. E olhe aqui, depois disso você pode até tentar fazer alguma coisa comigo, mas isso não me assusta. Bruxaria só pega em quem acredita.

- Você é quem pensa.

- Está me ameaçando?

- Deixa ela, Helena, vamos pra casa!

- Espera, Raquel! Ein, velha, está me ameaçando?

- Eu seguia meu caminho em paz, já devia ter aprendido que não se mexe com quem está quieto.

A senhora dá as costas novamente, e nesse instante Helena se agacha e apanha uma pedra. A segura com firmeza e depois atira com força na velha, acertando em cheio a cabeça. Ela cai na estrada de terra. Estrada com poeira. O sangue se junta à areia. Escorre da nuca.

Raquel olha assustada, assim como a própria Helena. As duas se aproximam da velha, que ainda está de olos abertos, o corpo quente.

Os moradores mais antigos de Santa Liberdade contam que a velha foi tomar banho de rio, escorregou numa pedra e bateu com a cabeça, pois encontraram ela lá, no rio. Morta.

***

Gente, aqui é o Raul! Fiquei muito tempo sem postar, peço que me perdoem. É que aconteceram muitas coisas na minha vida, me mudei e... Nossa, mas não pensei que eu tinha esquecido de vocês, ficava direto lembrando que estavam esperando capítulo novo. Mas agora voltei, estou aqui e prometo manter o ritmo de postagem do começo. Me desculpem, tá? Mil beijos!

Ela precisa voltarOnde histórias criam vida. Descubra agora