18 - 25 de março de 2016 - parte II

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- LIAM! – Grito e saio em disparada para onde ele está em pé.

Eu sei que é ele porque eu o reconheceria até de olhos vendados, apenas pela maneira ofegante de sua respiração.

Assim que toco seu corpo, preciso me certificar que ele está bem e faço uma revista rápida. Ele parece inteiro, embora um tanto quanto aéreo. Ele está tremendo sem seu casaco e eu o abraço forte para tentar apaziguar o frio.

- Tina!

Quando finalmente ouço sua voz, ele passa os braços em volta de mim e me aperta tão forte quanto pode sem me machucar.

Talvez eu nunca tenha chorado tanto em minha vida, mas as lágrimas novamente escorrem pelo meu rosto sem qualquer controle. Saber que Liam está vivo provoca sensações em mim como alívio e esperança e eu aperto o abraço como que para ter certeza que ele não vai mais a lugar nenhum.

Seth corre até nós e nos abraça por fora.

- Eu não acredito que é você, cara! – Ele praticamente grita. – E a Tricia, onde está?

- Achei que ela estivesse com vocês. – Ele diz preocupado, olhando para todos os lados a procura de Tricia.

Na escuridão, tudo parece exatamente igual. Todas as árvores, todos os caminhos. Para onde quer que olhemos, vemos o mesmo cenário.

Cada ruído, cada farfalhar das folhas e até mesmo o barulho do vento percorrendo seu caminho é capaz de fazer todos nós sobressaltar de susto.

- Nós vamos achá-la. – Digo, tentando transparecer uma certeza que não sei se tenho.

Liam então conta o que aconteceu quando nos separamos. O vento o fez correr para o caminho contrário, até que ele achou a cachoeira em que tomamos banho e veio percorrendo o que pensou ser a trilha e ouviu o que Raymond dizia para nós.

Ele não teve dúvida antes de acertar o velho no ombro com o canivete para evitar que ele atirasse mais uma vez.

- Eu fiquei na dúvida de quem ele estava tentando acertar. Achei até que pudesse ser o Noah, se é que ele de fato existe ou existiu. Mas aí ouvi a voz da Tina e eu tinha que fazer alguma coisa.

- Você acha que ele está morto? – Seth pergunta.

- Acho que não. Um corte fundo no ombro pode machucar bastante, mas não acho que seja o suficiente para matar alguém.

Junto minha coragem e me aproximo de Raymond, que está caído em uma posição nada natural há alguns metros de nós.

Liam assume o posto atrás de mim quando eu agacho e solto a arma da mão enrugada do velho. Não me sinto confortável de dar nenhuma chance para que ele volte a ser uma ameaça para nós.

Ele ainda está quente e eu sinto sua pulsação no segundo que chego seu punho.

Minha primeira reação é me afastar, mas sinto sua mão agarrar meu tornozelo e tombo para trás, caindo em cima de Liam.

Todos nós gritamos, mas é Seth quem chuta a mão do velho para que ele me solte e eu me arrasto para longe dele.

Com a lanterna apontada para Raymond, posso ver que o sangue flui com bastante intensidade do corte que foi mais para o pescoço do que para o ombro.

- Se eu morrer, vocês nunca mais sairão daqui. – Ele diz com uma calma que não corresponde a atual situação.

- Nós só precisamos esperar o dia amanhecer. – Liam fala com a voz firme.

A Lenda de Noah [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora