Capítulo 1

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Nick narrando •

Depois de quase duas semanas no Hospital, tive a minha alta. Fui para o meu apartamento acompanhado de Mike, Justin e meus pais. Ao abrir a porta sinto um aperto no peito. Não sei explicar esse sentimento que tenho dentro de mim. Deixo a minha família na sala de estar e vou até o meu quarto e ao abrir a porta vejo que era verdade o que eles estavam a dizer. Minha Anna realmente morreu. Eu lembrava que ela gostava de cores vivas e sempre o nosso quarto era da cor branca ou de outras cores, mas ao abrir a porta vejo o meu quarto totalmente escuro. As cortinas, os lençóis, tudo de preto.

Normalmente as cortinas estavam sempre abertas, mas agora estão fechadas. Abro-as para clarear o quarto. Eu não lembro-me de como ela morreu e Mike disse-me que tenho sorte porque da última vez quase entrei em depressão, palavras dele.

- Estás bem? - pergunta meu pai entrando no quarto -

- Estou, pai. - digo observando Nova Iorque através da varanda do meu quarto -

- Sabes Nick, quando tinha a tua idade apaixonei-me por uma mulher muito especial. De início ela não queria nada comigo, mas depois de muita insistência minha, começamos a namorar. O namoro levou ao casamento e deste aos filhos. Quando estavas em coma, apercebi-me de que a vida é muito curta e eu não podia ficar me lamentando das coisas e é por isso que eu irei fazer de tudo para reconquistar o amor dessa mulher. O que eu estou querendo dizer Nick, é que independentemente da Anna ter morrido ou não, tu continuas vivo e tens uma mulher que te ama esperando que te lembres dela. Tenho a certeza de que Anna não ia gostar de te ver assim.

- Eu compreendo, pai. - digo virando-me para ele - Mas é que dói muito.

- Eu sei que sim. Pela nossa convivência, apercebi-me de que Debbie é uma pessoa determinada, mas isso não significa que ela vá te esperar para sempre. Tenta fazer um esforço e conhecê-la novamente.

- Eu não sei se consigo.

- Isso já só cabe a ti. Eu já fiz o meu papel e te guiei. Agora o resto do percurso é somente contigo.

Ele despede-se de mim com algumas palmadas no ombro e sai do quarto deixando-me à sós com os meus pensamentos.



(...)


Depois de ter tomado um banho, visto-me e deito na minha cama abraçando o meu travesseiro. Fico a tentar relembrar de alguma coisa, mas nada acontece. O médico aconselhou-me de que eu deveria deixar as coisas acontecerem naturalmente, mas eu sou muito ansioso e não sei se tenho paciência para uma coisa do tipo. A porta abre e minha mãe entra parando a minha frente com uma bandeja nas mãos. Ela coloca a bandeja na mesa de cabeceira e senta na cama mexendo em meu cabelo como ela sempre fazia quando eu era pequeno.

- Como não foste ao jantar, o jantar veio até ti.

- Não estou com fome, mãe.

- Mas precisas de comer, Nick.

- Mãe, não quero discutir contigo, então por favor podes me deixar sozinho?

- Irei, mas só se prometeres que irás comer essa sopa.

- Irei, mãe. - minto -

- Boa noite, filho. - diz suspirando e beijando o meu cabelo.

Ela sai do quarto e viajo novamente em meus pensamentos.




(...)



Depois de um mês em recuperação, estava pronto para ir trabalhar. Acordei bem cedo para treinar num pequeno ginásio que eu tenho em meu apartamento. Meus pais voltaram para Canadá depois de eu insistir umas mil vezes para que eles fossem embora. Já Justin continua aqui visto que está na faculdade. Ele e Mike ficaram muito grudentos em mim nesse tempo. Todo o momento perguntavam-me se estava bem ou se precisava de alguma coisa.

Depois do meu treino, tomei um banho e comi rapidamente e fui em direção a Sede. Sorte a minha é que não esqueci o caminho.

Assim que eu entro, suspiro e caminho pela entrada do FBI. Encontro alguns dos meus colegas e eles desejam-me melhoras. Apanho o elevador até o andar do meu chefe. No corredor, oiço o meu nome a ser pronunciado e vejo Kelly a correr até mim e abraçar-me com força. Não retribuo o abraço.

- Como estás, Nick? - pergunta se afastando -

- Bem. - digo sem interesse algum em falar com ela -

- Ainda bem que acordaste. Estava tão preocupada contigo.

- Obrigado pela preocupação. Agora preciso de ir. - digo seco -

Ela concorda rapidamente apercebendo-se de que eu não queria falar mais. Dou as costas e afasto-me caminhando até a sala do meu chefe. Chegando lá bato na porta e ouço a sua autorização para entrar. Entro e o meu chefe fica surpreendido ao ver-me. Ele levantou-se e esticou a mão para cumprimentar-me. Apertamos as mãos e ele faz um sinal para que eu me sentasse.

- Então Johnson, como foi a tua recuperação?

- Bem, senhor. Estou apto para voltar a trabalhar.

- Não antes de ir a uma avaliação psicológica.

Reviro os olhos.

- Isso é mesmo necessário?

- Sabes muito bem que sim. Depois da tua avaliação é que irei decidir se estás ou não apto para voltar a trabalhar.

- O senhor é quem manda. Irei marcar com o psicológo. - digo levantando-me - Com a sua licença.

Ele assente e saio da sala irritado. Eu conheço o meu chefe e sai que se não marcar essa sessão com o psicólogo, irei ficar em casa por uns bons tempos e eu não quero isso. Apanho o telemóvel e marco o mais rápido possível uma sessão com o psicólogo do FBI. Vou até a sala de Mike e entro sem bater.

- Estás muito mal-educado, Nick.

- Quero lá saber. Acabei de vir da sala do chefe e ele me disse que somente irei vir trabalhar depois de uma avaliação psicóloga. Acreditas nisso?

- Sim. - franzo o cenho - Sabes muito bem que é necessário isso. Principalmente depois de tudo o que se passou é a decisão correta.

Reviro os olhos.

- Até tuc Mike? - bufo - Estás muito chato.

- Eu é que deveria ter dito isso.

- Adeus Mike.

Saio da sua sala sem deixar ele terminar de falar. Caminho como um furacão até o elevador, mas no caminho bati acidentalmente em alguém e esta quase cai no chão, mas fui mais rápido e consegui pegá-la. Automaticamente o meu coração começou a acelerar. Vejo um par de olhos verdes a encarar-me com um expressão indecifrável. Ao ver a posição que encontrávamos, saímos quase ao mesmo tempo do nosso "pequeno" abraço. Vejo a tal de Debbie a apanhar alguns papéis que estavam no chão. Ela levanta-se e pergunta:

- Como estás, Nick?

- Bem.

- Bom saber.

Ficamos a encararmos como se nunca tínhamos visto um ao outro nas nossas vidas. Ela tem os olhos lindos, devo admitir.

- Tenho de ir. - digo quebrando o nosso olhar -

Ela assente e sai sem dizer mais nada e eu vou até o elevador. Entro no mesmo e encosto-me na sua parede. Fecho os olhos com força. Essa mulher está despertando algo em mim e eu não estou a gostar nada disso. Tenho que controlar o meu coração bobo e que nele só Anna é que manda e mais ninguém.





13.04.17
RdeF

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