Capítulo 29

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• Nick narrando •

Um filho. Um filho com Debbie. Acabo de tornar-me um dos homens mais felizes do mundo. Mesmo que Debbie esteje insegura com a gravidez, eu sei que ela irá ser uma ótima mãe. Hoje iremos fazer um ultrassom no hospital onde Sophia trabalha para sabermos como o nosso filho está. Nem preciso falar como Debbie está nervosa. Passaram-se alguns meses após a descoberta da sua gravidez e ela estava no momento com trabalho de secretária até o bebé nascer, pois estava proibida de participar em qualquer tipo de missão fisicamente.

- Prontos? - pergunta o médico despertando-me dos meus pensamentos -

À medida que o médico a mexia na barriga da minha esposa, a sua expressão facial ia mudando. Sendo um agente de FBI, é impossível não aperceber quando algo está errado. Debbie olha para mim apercebendo-se também da expressão do médico.

- Algo se passa? - pergunto -

- Temos algumas novidades. A senhora está grávida de gémeos.

Debbie olha para tela assustada.

- Gémeos?

O médico assente.

- Preciso falar com ambos. Já terminamos aqui. Podem encontrar-me na minha sala daqui a 5 minutos.

Assim que acaba de falar, o médico sai deixando Debbie, Sophia e eu à sós.

- O que se passa, Sophia? A expressão do médico mudou assim que disse que eu estou grávida de gémeos.

- Debbie, eu posso até saber do porquê ele estar assim, mas prefiro que ele diga. Vamos para a sua sala.

Sophia sai deixando eu e Debbie nervosos. Fomos até a sala do médico onde ele e Sophia estavam a falar baixinho. Eles olham para nós e calam. Sentamo-nos e esperámos o médico falar.

- Sr. e Sra. Johnson, tenho um comunicado a vos fazer.

Debbie agarra a minha mão nervosa.

- Sra. Johnson, devido ao seu problema de coração, o seu corpo não irá aguentar dois bebés. Ainda se fosse um até podia, mas dois, temo que não.

Fico sem reação. Olho para Debbie que estava séria.

- E isso quer dizer que...?

- Que é o mais aconselhável seria abortar. Se conseguires levar essa gravidez adiante, na hora do parto puderás ser tu a morrer, ou um dos bebés ou os três.

Sophia nesse momento estava a chorar. A minha vontade era de fazer o mesmo, mas tinha de ser forte por mim e principalmente por Debbie. Ela até já acostumou-se que seria mãe e com essa notícia, não sei o que fazer daqui adiante.

- Debbie, fala algo. - pede Sophia -

Passado alguns segundos, ela respondeu:

- Não.

Franzo o cenho.

- Eu não vou abortar. São os meus filhos. O que estás a pedir é um absurdo.

- Estou apenas a aconselhar-lhe.

- Não quero saber.

- Debbie. Olha para mim.

Ela faz o que eu digo.

- Há inúmeras formas de sermos pais. Se esta gravidez pode te matar não podemos levar adiante.

- Não. Eu já me decidi.

- Eu não posso te perder, Debbie.

Ela fica em silêncio e nesse momento, lágrimas estavam presentes nos olhos de Debbie e nos meus também.

- Eu avançarei com a gravidez. - diz firme olhando para o médico -

Fecho os olhos como se estas palavras me tivessem dado um murro no rosto.

- Tudo bem. - fala o médico -

Ele receitou algumas vitaminas para Debbiee e saímos em seguida. Do caminho do hospital até o apartamento, não trocámos nenhuma palavra. Estava a ser muito difícil para nós os dois. Abro a porta do apartamento deixando Debbie entrar primeiro. Fecho a porta encarando-a.

- Precisamos conversar . - diz -

- Debbie, não podes continuar essa gravidez. Podes morrer! - digo nervoso -

- E achas que não sei?! Estou com medo. Medo de morrer e não poder ver os meus filhos a crescerem. Por favor, entenda isso!

- Entenda você! Eu já perdi uma vez alguém que amava. Não posso perder mais três.

Debbie dá um grito de frustação. Era a primeira que a via fora de controlo. Ela senta no sofá deixando as lágrimas caírem. Doía muito vê-la naquele estado. Caminho para perto dela e abraço-a de lado.

- Eu não posso te perder, mia stellla. Não posso.

- Não vais. Vamos ser positivos. Essa gravidez vai dar certo e seremos uma família nós os quatros.

- E se não formos? Como ficarei sem ti, Debbie? Ou sem vocês?

- Eu te amo muito Nick, mas não posso abortar. Não posso.

Ela pega a minha mão e coloca em sua barriga.

- Sentes isso? Eles estão vivos. Eu não tenho coragem do fazer.

Deixo as lágrimas caírem ainda mais ao sentir os pequenos movimentos.

- Me prometa uma coisa, Nicholas. Olha pra mim.

Olho para as duas esmeraldas a frente de mim.

- Me prometa uma coisa. Que se eu estiver inconsciente, e se perguntarem quem escolhes salvar, escolha os nossos filhos.

- Debbie, não me peças isso.

- Estou a falar à sério, Nicholas. Escolha os nossos filhos em vez de mim. Porque se fizeres o contrário e eu sobreviver, não irei te perdoar. Não irei. Nunca.

Eu sei que ela não me perdoaria. Conheço muito bem Debbie. Quando ela fala uma coisa, ela cumpre-a.

- Prometa, Nick!

Assinto não conseguindo falar.

- Eu quero ouvir a sua voz. Diga-me que prometes em voz alta.

- Debbie...

- Diga, Nick! - fala chorando -

Coloco a mão na boca deixando as lágrimas caírem. Estava a ser muito difícil dizer essa palavra.

- Prometa, Nick. - pede já sem força -

- Prometo. - sussuro -

Debbie continua a chorar e abraça-me apertado. Choro também. Tentei ser forte, mas não consigo mais. Não consigo.



23.12.17
RdeF

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