IV

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JOY

Maryse barra Scarlet antes de prosseguirmos.

-- Algum problema? – ela pergunta, cruzando os braços.

-- Só preciso saber se o seu exame está pronto. – Maryse procura o enfermeiro que atendeu Scarlet. Ele está no fim da sala e concorda alguma coisa com a cabeça – Sim, venha comigo.

-- Desculpe, mas... – Liz pergunta – E os gêmeos?

-- Não, agora é só vocês.

Ela nos leva para uma sala em frente que parece um escritório. Em cima da mesa há 6 caixas pequenas.

-- O exame de vocês mostrou que, ao serem gerados, altas doses de adrenalina foram injetadas. Vocês sabem que o Sistema de Saúde aprovou, há 25 anos, os experimentos em bebês afim de melhorar as novas gerações de nosso continente. – Liz fecha os punhos ao meu lado. Ela odeia todo essa experimentação que o governo faz com a gente. Nos trata como cobaias para escolher as melhores e colocar em um campo de guerra – Muito bem, vocês foram geneticamente mudados com os mesmos componentes. Esse ano, os JRA quer unir essas pessoas. Bom, vocês fazem parte de um grupo agora. Seus companheiros, Matheus e Sara não possuem o mesmo tipo de genes que vocês. Outros dois alunos entrarão no grupo de vocês mais tarde. Alguma pergunta?

-- O que, exatamente, vamos fazer em grupos? – Kyle pergunta.

-- Isso vocês vão entender mais tarde, com a palestra.

-- Se ela não ia responder nossas perguntas, porque mandou a gente perguntar? – ouço Kendra sussurrar e Liz pisa no pé dela.

-- Aqui estão os seus identificadores. – ela pega as caixinhas e nos entrega – Coloquem em seus pescoços e ajustem da forma que preferir. Por favor, não apertem o pingente agora.

Abro a caixa. É um colar com um pingente da fórmula química de adrenalina de prata. Reluz. Ele é um pouco grande por causa do plástico preto que tem atrás do símbolo. Vejo Scarlet e Kendra ajustarem bem apertado nos seus pescoços, e eu e Liz fazemos o mesmo. Sinto o pingente grudar em minha pele. O gesto me assusta. Os amigos de Liz, que descobri ao ler seus nomes nas caixas serem Kyle e Jonathan, deixam o colar solto e também se impressionam quando ele gruda na pele.

-- O que é isso? – Jonathan pergunta.

-- Fiquem tranquilos, vocês irão entender tudo durante a palestra no auditório. – ela sorri docilmente e vejo Liz revirar os olhos para Kyle – Vocês devem estar famintos...

-- Ah com certeza. – Kendra dá um passo à frente.

-- Me acompanhem, vou levar vocês até o refeitório. Depois de lá, quando o grande relógio bater às 10 horas, vocês devem se dirigir ao auditório, que fica bem em frente.

Maryse abre a porta do escritório e faz um gesto para que a seguimos. Obedecemos. O refeitório não é muito longe da sala onde fizemos os exames. É grande, com várias mesas e cadeiras de plástico vermelho espalhadas pelo salão. No canto há várias máquinas de comida. Vejo uma janela que provavelmente leva a uma cozinha, onde os funcionários podem pedir comida feita na hora. Maryse nos deixa em uma mesa e diz que irá mandar nos servir. Ela vai até a janela e em seguida aponta para nós. Acompanho ela saindo pela porta. Algo no jeito dela me faz querer distância.

-- E então? O que acham que é isso? – Kyle pergunta, apontando para o pingente preso um pouco a cima de seu peito.

-- Algum rastreador, acho. - Liz toca o pescoço, distraída – Se eles vão nos mandar pra longe, é possível que queiram saber nossas coordenadas.

Raciocínio Americano - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora