XVI

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JOY

Peter, Jonathan e Kyle se entreolham por um estante e saem correndo para o rio. Os seguimos. Eles se jogam na água com camisa e tudo e começam a procurar desesperadamente no fundo. A manhã ainda está fria e tenho receio de me molhar. Espero com Kendra, Scarlet e Liz na margem. Peter volta em alguns minutos para recuperar o ar. Depois Jonathan. Kyle é o que aguenta mais tempo. Mas volta em seguida. Observar de fora faz parecer desesperador. Coloco a mão involuntariamente no pescoço e sinto o pulsar leve do colar. Peter volta para a superfície e respira profundamente. Ele se cansa mais rápido que os outros e desconfio que seja por causa do seu problema com o coração.

Liz suspira, Kendra está inquieta e Scarlet bate o pé, com os braços cruzados sob o peito. Jonathan aparece na superfície e levanta as mãos.

-- Achei. – ele diz, rouco. Solto pouco do ar que estava guardando.

-- Graças a Deus. – Liz fala. Kyle aparece logo em seguida e os três saem da água em duas braçadas.

-- Posso saber por que diabos as senhoritas ficaram aí paradas nos observando enquanto morríamos de desespero atrás dessa porcaria? – Peter fala de uma vez só. Kendra revira os olhos.

-- Não queríamos nos cansar também. Se vocês não achassem, iríamos entrar logo depois. – a desculpa é falsa mas convence. Kendra sempre foi boa em manipular quando quer.

-- E agora, o que vamos fazer com isso? – Scarlet pergunta, pegando a tesoura da mão de Jonathan. Ela está enferrujada pelos longos dias na água.

-- Não sabemos ainda. – Kyle fala, ofegante – Mas adoraria colocar uma blusa seca pra esquentar.

Voltamos ao acampamento e Kendra liga uma fogueira depois de gritar com Peter para não molhá-la com a água que escorre dos cabelos. Nos sentamos envolta do fogo e comemos nosso quase almoço, quase café da manhã de frutas e castanhas.

-- Bom. Encontramos tesoura. Depois disso... – Jonathan fala.

-- Mudem tudo. – falo – Encontrem a outra porta.

-- A sala tem duas portas, precisamos encontrar a parede pra isso e... – Liz fala.

-- Não. – Kyle se levanta e rodeia ela – Não é isso.

-- O que você está pensando? – mas ele não a responde, no lugar, aponta para o chão ao seu lado.

-- O desenho de Gabriel. Seta, lâmpada. Acima da luz. Precisamos escalar até lá. – ele aponta para o nosso 'sol'.

-- Isso é...

-- Não diga que é loucura, Kendra. – Liz fala, olhando para mim. Compreendo.

-- Não puderem esperar que acordássemos pois iriamos vê-los escalando a parede. – digo – O grupo de cálcio.

-- Além disso, acho que vi seus vultos ontem a noite. – ela diz, prendendo os cabelos em um coque.

-- Certo. Então não é loucura. – Kendra se levanta. – Mas como vamos chegar lá?

-- Mudem tudo... mudem tudo... – as palavras sussurradas e repetidas de Kyle começam a me irritar, mas Scarlet fala por mim.

-- Kyle, para! Assim você não nos deixa pensar também.

-- As roupas! – ele a ignora – O cara do SE...

-- Richard. – Liz lembrar o nome do presidente do Sistema de Ensino me deixa um pouco chateada. Guardar na memória aquele dia é como relembrar o primeiro tombo ou, mais especificamente, a dor incomparável que resulta dele.

Raciocínio Americano - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora