JOY
Peter, Jonathan e Kyle se entreolham por um estante e saem correndo para o rio. Os seguimos. Eles se jogam na água com camisa e tudo e começam a procurar desesperadamente no fundo. A manhã ainda está fria e tenho receio de me molhar. Espero com Kendra, Scarlet e Liz na margem. Peter volta em alguns minutos para recuperar o ar. Depois Jonathan. Kyle é o que aguenta mais tempo. Mas volta em seguida. Observar de fora faz parecer desesperador. Coloco a mão involuntariamente no pescoço e sinto o pulsar leve do colar. Peter volta para a superfície e respira profundamente. Ele se cansa mais rápido que os outros e desconfio que seja por causa do seu problema com o coração.
Liz suspira, Kendra está inquieta e Scarlet bate o pé, com os braços cruzados sob o peito. Jonathan aparece na superfície e levanta as mãos.
-- Achei. – ele diz, rouco. Solto pouco do ar que estava guardando.
-- Graças a Deus. – Liz fala. Kyle aparece logo em seguida e os três saem da água em duas braçadas.
-- Posso saber por que diabos as senhoritas ficaram aí paradas nos observando enquanto morríamos de desespero atrás dessa porcaria? – Peter fala de uma vez só. Kendra revira os olhos.
-- Não queríamos nos cansar também. Se vocês não achassem, iríamos entrar logo depois. – a desculpa é falsa mas convence. Kendra sempre foi boa em manipular quando quer.
-- E agora, o que vamos fazer com isso? – Scarlet pergunta, pegando a tesoura da mão de Jonathan. Ela está enferrujada pelos longos dias na água.
-- Não sabemos ainda. – Kyle fala, ofegante – Mas adoraria colocar uma blusa seca pra esquentar.
Voltamos ao acampamento e Kendra liga uma fogueira depois de gritar com Peter para não molhá-la com a água que escorre dos cabelos. Nos sentamos envolta do fogo e comemos nosso quase almoço, quase café da manhã de frutas e castanhas.
-- Bom. Encontramos tesoura. Depois disso... – Jonathan fala.
-- Mudem tudo. – falo – Encontrem a outra porta.
-- A sala tem duas portas, precisamos encontrar a parede pra isso e... – Liz fala.
-- Não. – Kyle se levanta e rodeia ela – Não é isso.
-- O que você está pensando? – mas ele não a responde, no lugar, aponta para o chão ao seu lado.
-- O desenho de Gabriel. Seta, lâmpada. Acima da luz. Precisamos escalar até lá. – ele aponta para o nosso 'sol'.
-- Isso é...
-- Não diga que é loucura, Kendra. – Liz fala, olhando para mim. Compreendo.
-- Não puderem esperar que acordássemos pois iriamos vê-los escalando a parede. – digo – O grupo de cálcio.
-- Além disso, acho que vi seus vultos ontem a noite. – ela diz, prendendo os cabelos em um coque.
-- Certo. Então não é loucura. – Kendra se levanta. – Mas como vamos chegar lá?
-- Mudem tudo... mudem tudo... – as palavras sussurradas e repetidas de Kyle começam a me irritar, mas Scarlet fala por mim.
-- Kyle, para! Assim você não nos deixa pensar também.
-- As roupas! – ele a ignora – O cara do SE...
-- Richard. – Liz lembrar o nome do presidente do Sistema de Ensino me deixa um pouco chateada. Guardar na memória aquele dia é como relembrar o primeiro tombo ou, mais especificamente, a dor incomparável que resulta dele.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Raciocínio Americano - Vol. 1
Ficción GeneralApós a Terceira Guerra Mundial, o mundo se dividiu em continentes. Na América, o governo é rígido e obriga os jovens a participarem dos Jogos de Raciocínio Americano, selecionando somente os que conseguem passar por todas as fases, os vitoriosos. Aq...