XXV

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LIZ

O céu está tomado por nuvens horrorosas. São as famosas asperitas, uma nuvem que foi formada antes da Grande Guerra. O maior problema é que elas aparecem, geralmente, antes de tempestades terríveis. E não sabemos que tipo de chuva virá – pode ser algo pior, muito pior.

-- O que vamos fazer agora? – Kyle pergunta.

-- Acho melhor a gente ir pelas estações de trem. – digo. Pelo mapa elas são visíveis.

-- Tem certeza? – Kendra pressiona seu colar no pescoço. O mapa expande e ela aponta – Há vários túneis e um monte de estações dos soldados.

-- Se a gente ficar aqui, podemos sofrer mais. Não sabemos o que vai vir, o que pode ser qualquer coisa. E uma chuva ácida em potencial pode nos machucar muito, a mão de Liz é uma prova disso. – levanto minha mão em apoio ao discurso de Scarlet. Joy concorda com Kendra.

-- Mas não podemos esquecer que os soldados têm permissão pra atirar e as tintas também podem nos machucar.

-- Temos o nosso cérebro pra nós proteger dos soldados. – digo – Da chuva, ou de qualquer coisa que vier com as asperitas, nós só temos algumas construções de 20 ou 200 anos.

-- Meninas. Vamos votar. – Jonathan levanta a mão – Quem quer descer?

Kyle, Jonathan, Scarlet e eu levantamos as mãos. Kendra faz careta para mim e pra Scarlet e Joy suspira baixinho.

-- Sinto muito meninas.

-- Cala a boca e vamos logo com isso. – Kendra sai na frente, puxando Joy consigo. Sorrio, mas a escuridão que as nuvens trazem não me deixa animada.

A estação do Brooklyn mais perto fica a 2 quarteirões. Nós andamos apressados e em silêncio, chegando poucos minutos depois. Antes de descer as escadas, pegamos as lanternas que temos.

-- Só vamos ficar juntos e passar essa noite aqui. – Jonathan diz – Amanhã a gente sobe de novo.

-- Melhor. – Kendra diz, descendo na frente.

A escada está quebrada em várias partes, mas é nítido que foi reconstruída a pouco tempo. Kyle pergunta se alguém sabe quais linhas foram reconstruídas depois da guerra, mas ninguém tinha interesse muito grande nessa matéria para saber demais. No fim do túnel, não há iluminação, mas uma plaquinha de perigo na frente de uma caixa de fusíveis atiça a curiosidade de Kyle.

-- Não mexe aí, vai ser eletrocutado, colega. – aviso.

-- Uma pessoa a menos pra segurar vela pra esses dois – ele aponta com o queixo para Jonathan e Scarlet e depois me entrega a lanterna que está com ele. – Por favor.

Não gosto da ideia de mexer com energia. Ainda mais pelo fato de que se a energia do metrô todo for ligada, os soldados do governo ficarão alertas. Kyle abre a caixa com um pequeno soco e mexe nos fusíveis. Depois aperta alguns botões e a luz se acende.

-- Sabe que isso foi a ideia mais idiota que você teve, não sabe? – Kendra fala, guardando a lanterna na mochila que arrumamos.

-- O que?

-- Acha mesmo que seria fácil acender um metrô inteiro?

-- Kendra, só acendeu algumas.

-- Foi o governo que deixou. Acabamos de dar um olá bem grande para todos os soldados que estão aqui.

-- Se está tão brava, por que não me impediu?

-- Porque ela tem medo de escuro. – Scarlet diz, sorrindo. Kendra revira os olhos e Joy cai na gargalhada. Aqui embaixo é frio e produz eco, então ela se cala logo em seguida.

Raciocínio Americano - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora