Raciocínio Americano - Vol. 1

XVII

LIZ

Scarlet passa o cartão na máquina e repetimos o processo de sempre: respondemos não para desistência e a máquina pisca com "Etapa 2 - Pista Liberada" aparecendo.

Retiramos o cartão e Scarlet lê em voz alta:

"Na guerra, tudo vale para ganhar. Protejam seus colegas ou caiam com eles"

-- Que quer dizer isso? – Joy pergunta.

-- Não sei, mas vamos ter que descobrir. – Jonathan fala, abrindo a porta e entrando.

Solto o braço de Joy e sinto meu corpo ficar tenso novamente. É o efeito dos Jogos de Raciocínio Americano no corpo de qualquer aluno do quarto e último ano da Escola. A faculdade não é uma escolha; é a salvação. E nunca desejei tanto voltar para as montanhas de trabalho como agora. Sinto o colar pulsar, seguindo o ritmo do meu coração. Estão em sintonia perfeita, como em uma dança coreografada há tempos. Irônico saber que sou um peão do governo quando é ele que precisa de mim, precisa de nós.

A sala não tem muita luz e é pequena. É dividida em níveis, como se uma pirâmide. No último nível, há 3 conjuntos de cadeira e mesa, com um notebook em cima de cada uma. Atrás de cada cadeira há uma espécie de cabine telefônica onde uma luz vermelha pisca fracamente. No segundo nível há mais duas cadeiras, mesas, notebooks e cabines e no último, o mais próximo de nós, apenas um conjunto.

-- Que diabos vai acontecer aqui? – Peter pergunta.

-- Informática. – Kyle responde, observando os detalhes de cada nível – "Na guerra vale tudo" quer dizer que podemos usar vírus e saber invadir sistemas.

-- Ai merda. – falo

-- Tem 6 cadeiras e somos 7. – Kendra aponta.

-- Alguém vai ter que fazer dupla.

-- Bem, eu e Joy não fizemos muitos períodos de informática. Acho que o ideal é ficarmos juntas e completar o conhecimento uma da outra.

-- Concordo – minha amiga diz.

-- Tudo bem. – Kyle começa a analisar as cabines – O chão abre. Tenham cuidado na hora de descer.

-- Vamos supor que o vírus que vão nos mandar seja dividido em níveis. O primeiro ou o último é o mais fácil? – pergunto.

-- Se o último nível precisa de 3 pessoas, é o mais difícil. – Jonathan conclui – Peter, Kyle e eu ficamos lá embaixo. – ele levanta a mão quando Kendra tenta questionar – Não, não é machismo. Fizemos mais períodos de informática que vocês.

-- Luca seria essencial nessa prova. – Scarlet sussurra.

-- Scarlet e Kendra, segundo nível. – e virando-se pra Joy e eu, Jonathan tenta esconder a dor de ouvir o nome de Luca – E vocês duas fiquem aqui.

-- Certo. – Joy fala.

Obedecemos e quando Peter senta na última cadeira, um barulho semelhante ao de um elevador começa a ser emitido. As cabines começam a piscar uma luz verde e lá dentro vemos pessoas surgirem.

-- Mas que diabos...? – Kendra pergunta.

Na minha cabine e na de Joy vemos um menino de olhos verdes e o cabelo muito escuro. Ele parece muito mais velho que nós, mas me lembra alguém.

-- "Protejam seus colegas ou caiam com eles" – Joy cita – Acho que são pessoas dos jogos anteriores... – ela olha os rostos entre as cabinas e sei que procura Andy. Toco seu ombro delicadamente.