5 - S e m C h ã o

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Hospital Health System NY.
22 de Outubro de 2016.
Nova York.

— Srta. Hansen, a sua memória de longo prazo está perfeita... Estou muito otimista que sua memória por completo, voltará com o tempo. Amanhã você irá nos deixar, não é mesmo?

— Bom, foi o que me falaram.

— Okay, iremos nos ver de 3 a 5 semanas. Assim facilitará sua recuperação.

— Tudo bem, Doutor. Obrigada.

[...]

— Eu ainda não acredito que ela não se lembrou de ninguém. — Camila comentou negando com a cabeça. Estava sentada na frente de Normani
com os cotovelos apoiados na mesinha redonda do restaurante, na área externa do hospital, segurando o queixo com uma das mãos.

— Eu não sei mais o que fazer, Mila. Ela está me evitando, não conversa mais comigo. A última vez foi há 4 dias, me pedindo para buscar mais roupas. — A jovem falou, abaixando a cabeça.

— Essa situação é bem louca.

A latina olhou para o lado, por instinto, e avistou sua namorada. Ela abriu um sorriso e se levantou para lhe beijar. Seus lábios se encostaram brevemente, fazendo um arrepio percorrer pelo corpo de ambas.

— Mani, eu sinto muito. — A morena se virou para Normani, e lhe abraçou.

— Jauregui... Obrigada por vir. Vocês me dão tanta força. — A Srta. Hamilton lhe apertou com mais vigor e depois se separaram.

— Como ela está? Houve algum avanço no caso dela? — Lauren se sentou ao lado da namorada e fitou Mani.

— Ela já está bem melhor, as dores de cabeça cessaram. — Ela fez uma pausa. — Mas...

— Ela ainda não se lembra dos últimos anos. — A garota de olhos verdes concluiu.

— Isso.

— Pense no lado positivo... Pelo menos ela não lembra das burradas que você fez. — Lauren disse, recebendo o sorriso fraco da amiga.

— Isso é verdade. Assim você poderá reconquista-la novamente e ela se apaixonar por você de novo... — A latina continuou.

— Eu não sei como Dinah conseguiu se apaixonar por ela da primeira vez. — Depois que Lauren proferiu, as três caíram na gargalhada.

— Só vocês para me fazerem rir. Obrigada.

        O final da tarde chegou célere e Normani estava ansiosa para se encontrar com Dinah. Com passos calmos ela passava pelos corredores do hospital até chegar ao quarto da paciente. Logo, seu coração começou a tremer, a maçaneta girou e ali apareceu o seu rosto.

— Olá, Dinah.

— Oi. — Ela respondeu secamente.

— Fiquei sabendo que será liberada amanhã. Eu estou muito feliz, querida. — Normani comentou com a Srta. Hansen.

— Por que eles te dão informações sobre mim?

— Bom, primeiro porque eu sou sua noiva. E segundo, porque eu pago as despesas do Hospital...

— Não se preocupe, eu devolvo tudo que gastou comigo. — Dinah falou atropelando as palavras de sua noiva.

— Querida, eu não quero que me devolva nada. Eu te amo, não tens que se preocupar, agora. Eu resolvo tudo.

— Você precisa saber que eu não vou com você, amanhã. — Dinah disparou ligeira.

— Como assim não vai?

— Eu não vou com uma estranha. Eu vou dar um jeito. — Dinah disse, sem olhar à texana.

— Amor, por favor... Volte para casa. Você precisa retomar sua rotina. Será o melhor a fazer.

— Não me diga o que fazer, Srta. Hamilton. Eu nem te conheço... Já não basta encher minha cabeça com coisas que não fazem sentido? Me mostrar fotos vergonhosas de nós duas juntas? De querer que eu acredite em tudo que você...

— Ei... Ei... Ei. — A jovem a interrompeu. — Fotos vergonhosas?

— Sim! — Dinah mencionou com receio de todas as coisas que Normani havia lhe contado sobre o relacionamento das duas.

Houve um momento de silêncio, causado pelo choque. Normani ficou paralisada por dentro.
Desamparada.

— O que... V-você tem vergonha de mim? — Sua voz soou como sussurro.

— Eu não quero mais falar sobre isso.

— Dinah, me responda! Você tem vergonha de mim? — Ela ainda não disse nada. — Responde!

— Tenho sim... Satisfeita?

O estômago da noiva se contraiu e a ânsia de vomito chegou violentamente.
Pela primeira vez ela, realmente, não tinha ideia do que fazer.
Estava sem rumo algum.
Sem chão.

— Não venha amanhã. É melhor assim.

— S-suas coisas... Elas estão todas no nosso apartamento. — A Srta. Hamilton falou, não recebendo da loira alguma atenção.

— Eu vou recomeçar com o Nela.

— Dinah, me escuta...

— É o melhor, ele me ama e eu...

— Pare de ser burra! — Normani gritou, fazendo a polinésia dar um sobressalto e lhe olhar assustada. — Será que você não entende? Ele seguiu a vida dele... E você seguiu a sua.

— Ele me ama. Você não sabe de nada no nosso relacionamento.

— E parece que nem você sabe...

— O que quer dizer com isso? — Seu tom de voz saiu inquisidor.

— Dinah, por favor, confie em mim. Eu não faria nenhum mal a você. Eu te amo.

— Aí que droga. Pare de falar isso!

— Me escuta.

— SAI DAQUI! — Dinah, ordenou exaltada.

Com a movimentação no quarto, a enfermeira Emma adentrou, após ouvir os gritos da loira.

— Tira ela daqui, enfermeira! Tira essa mulher daqui!

— Ei, ela tem que descansar agora... Você pode me acompanhar? — A profissional arrastou Normani para fora do quarto, sem seu querer.

[...]

— Querida... Vim assim que você me ligou. — Andrea Hamilton, mãe de Normani, falou ao chegar próximo da filha, que estava sentada em uma cadeira, na sala de espera do hospital.

— Mãe! — Ela a abraçou com vigor. — Mãe, ela me odeia. — Normani não pôde morder o lábio pa­ra abafar o soluço que escapou. As lágri­mas transbordaram e se arrastaram por suas bochechas.

— Vai ficar tudo bem, filha. Vai ficar tudo bem. — A mais velha repetiu as palavras, tentando confortar a jovem.

Normani sentia seu peito desmoronar por dentro. Começou a respirar avidamente, soluçando.
Não era assim que ela esperava que terminasse.
Nem mesmo era para terminar.

Ela disse... Para todo o sempre. Normani pensou.

Continua...

Remember me | Norminah   Onde histórias criam vida. Descubra agora