25 - P e r s i s t ê n c i a

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        Normani olhou fixamente para a porta, antes de bater. 
Já era a terceira semana que a mulher ia até o apartamento de Dinah, mas sempre estava, aparentemente, vazio ou simplesmente a loira não atendia. 
Normani compreendia o desprezo momentâneo que Dinah estava demonstrando. Mas aquilo a estava sufocando. 
Precisava esclarecer as coisas entre elas.

Ela bateu na porta fechada, uma, duas e mais uma vez. Nada da loira. A verdade é que Dinah estava lhe evitando ao máximo. Não queria olhar nos olhos da mulher e sentir a dor e a lacuna novamente dentro de si.

      Os membros do corpo docente, vice-reitores e outros, se alinhavam em uma fila última em cima do palco. Cada um se pondo no seus devidos lugares. 
Um mar de estudantes, que estavam vestidos com o mesmo chapéu e beca, tomaram seus assentos diante do auditório enquanto seus parentes e conhecidos sentaram-se nas arquibancadas.
O cancelário se aproximou do palco e iniciou o protocolo com seu discurso ensaiado.

Depois de uma hora da cerimônia de formatura, todos ainda continuavam sentados. 
Dinah tinha notado a presença de Normani, seus olhares se encontram por alguns instantes, quando a loira procurava por Lauren, Camila e o resto de sua família.
Dinah e seu pai haviam se aproximados conforme os anos se passaram.

A loira tentou se esconder em seu lugar, quando avistou Normani, mas já era tarde demais. 
Passou tanto tempo entorpecida que, agora, ignorá-la não foi possível. Mas aquilo estava lhe incomodando. 
Seus sentimentos soterrados estavam despertando.

Depois das entregas dos diplomas, por algumas horas, uma multidão de pessoas foram de encontro com seus pais e amigos, uma vez que os aplausos cessaram, dando o desfecho da cerimônia.

Camila e Lauren abraçaram a amiga, fortemente, quando Dinah as encontrou. Estava tão feliz. Algo finalmente estava dando certo na sua vida, depois de muitas falhas.

Dylan apareceu ao lado da polinésia, foi lhe prestigiar. O olhar de Normani ficou frio, quando os braços do loiro envolviam a cintura de Dinah, com um abraço. Logo a Srta. Hamilton se aproximou.

— Posso falar com você? — A maneira com que seus dedos frígidos, casualmente, acariciaram o braço esquerdo da loira, fez com que ela encontrasse seus olhos sombrios.

— Não... — Dinah respondeu carrancuda. — Me deixe em paz. Não estrague o meu dia, por favor. — Ela se desvencilhou da texana. Aquele simples toque fez seu coração bater célere, mas ela tentou ignorar o efeito causado.

— Dinah! — Gordon apareceu atrás da filha e ganhou toda sua atenção, deixando Normani de lado, desconcertada. — Parabéns, filha.

— Obrigada por vir. Estou feliz por estar aqui...

— Eu posso fazer parte dessa felicidade, também? — A voz doce de Milika pegou Dinah de surpresa. A mulher, à qual anos a loira não tinha mais contato, pela separação mal resolvida, estava ali. Sua mãe, estava parada na sua frente.

A loira sentiu seus olhos queimarem. Depois da conversa com seu pai, ela sabia que a causadora da separação não foi total e exclusivamente​ daquela mulher, apenas aconteceu.
Ela poderia perdoar?

Perdoar, geralmente se trata de uma ação um tanto egoísta.
Pessoas perdoam, justamente, porque precisam perdoar. Precisam ficar de bem consigo mesmo.

— Oi... Mãe. — A mais velha se aproximou dando um abraço forte na filha. Ali, todo sentimento de mágoa foi deixado de lado, para alívio de ambas.

[...]

— Nós tínhamos que comemorar. Você se formou, conseguiu ser efetivada pela Publicity Aflame. — Camila disse à polinésia, quando elas entraram no clube noturno.

— Olha quem está ali, a Zoe. Chama ela aqui. — A morena propôs e viu o revirar de olhos de Dinah. — Zoe! — Camila gritou entusiasmada, acenando para a garota. A jovem se aproximou, com seu corpo esguio e cumprimentou todas. Estava encantadora, com um vestido azul escuro justo.

— Essa loira aqui quer dançar muito hoje, você pode ajudar a minha amiga? — A latina questionou com um sorriso carregado de malícia, para a morena encantadora.

— Vamos dançar? — Zoe chamou Dinah, que ficou resistente por alguns segundos. Ignorando os olhares de súplica da polinésia, sua melhor amiga, Camila, jogou um beijo para Dinah e se mandou, levando consigo sua noiva, Lauren. Ao vê-las se afastar, o coração da mulher disparou.
Dinah assentiu com a cabeça e Zoe puxou a loira para o meio da pista de dança.

A polinésia dançou como se não tivesse feito isso há anos, logo ela reclamou de seus pés. 
Dinah foi para o andar de cima, juntamente com a morena, em um lugar menos movimentado. 
Elas se instalaram em uma mesa cercada por três sofás de veludo rosa em formato de meia-lua. 
O lugar tinha vista para a pista de dança.

— Acho que aqui é melhor. — A jovem falou, descendo sua mão até as pernas de Dinah, acariciando a parte desnuda.

— O que está fazendo?

— E-eu achei que você quisesse... Me desculpa. — Zoe se afastou um pouco e fitou os olhos confusos da loira. — Você beber alguma coisa?

— Sim.

— Eu vou pegar bebidas... Fique aqui. — Ela se retirou do local, deixando a polinésia sozinha.

Um rapaz parou ao lado da mesa onde Dinah estava e observou a jovem sozinha, perdida em seus devaneios.

— Tudo bem se eu sentar aqui com você? — O jovem de estatura alta perguntou.

Ele tinha uma postura relaxada e um sorriso confiante. Dinah abriu minimamente seus lábios, para sussurrar um "sim", mas sentiu uma mão tocar suas costas.

— Ela está acompanhada...

— Tudo bem. — O maior disse, sem argumentar. Dinah pôde assisti-lo se afastar antes de observar a mulher, meticulosamente, estudando cada linha e contorno do seu rosto.

— Mas que merda! Dá para você parar de me seguir. — Dinah exigiu, seus olhos faiscavam de raiva. — Eu não quero e nem preciso que você me persiga feito uma psicopata!

Normani notou que teria que tomar muito cuidado com a loira. Não queria irritá-la mais do que já estava, só esperava falar com ela.

— Estou garantindo a sua segura. — A Srta. Hamilton respondeu, seu tom de voz foi sutil. Dinah soltou um grunhido frustrado.

— Não importa se estou segura ou não. Eu não sou problema seu já faz alguns anos.

Ela estava certa. Normani não estava ao seu lado quando ela precisou se sentir segura.

Dinah passou pela mulher, descendo para a pista de dança, desviando dos corpos suados e sentindo os cachos roçarem em seu rosto quando o vento bateu sobre seus cabelos. 
A loira não se importou muito em sair daquela boate sem dar explicações para Zoe. Estava mais interessada em ficar longe de Normani. Ao menos tentar.

— Dá para você parar de andar e me escutar? — Normani puxou o braço dela, fazendo a loira virar abruptamente.

— O que você quer?

Remember me | Norminah   Onde histórias criam vida. Descubra agora