[continuação]POV Dinah
A manhã seguinte veio e com ela, aquele conhecido frio de janeiro. Acordei e me deparei com um cobertor branco de neve cobrindo as bordas da nossa janela. Não posso dizer que foi uma noite boa, eu mal consegui dormir, pensando em como aquele homem estava no mesmo restaurante que eu. Era muita coincidência.Normani estava dormindo ao meu lado seu corpo esguio estava perto do meu. Suas pernas compridas estavam entrelaçadas às minhas. Esfreguei o rosto, tentando despertar, e ela se remexeu, acordando do sono, Normani murmurou enquanto se espreguiça. Logo, notei suas unhas pintadas percorrem minha barriga. Senti seu sorriso sonolento, segurei sua mão e trouxe até os meus lábios.
— Vou fazer o café da manhã, querida. Daqui a pouco, a Ryder acorda e eu preciso trabalhar... — Beijei um dedo de cada vez enquanto falava. — Eu quero que você fique em casa hoje com a Ryder. Você se deu alguns dias de folga... Mas não precisa sair, ainda mais com esse tempo.
— Eu pensei em levar ela para...
— Não a leve para lugar nenhum... Você promete?
— Você está estranha desde ontem... — Me desvencilhei de suas mãos, deixando a cama e indo direto para o banheiro. — Pode me falar o que houve? — Ela insistiu.
Entrei no banheiro e tentei ver a parte de trás da minha cabeça. No espelho, refletia um curativo feito na noite passada pela minha esposa. Imediatamente, comecei a escovar os dentes. Joguei água no meu rosto e quando levantei, estreitando a cabeça, dei de cara com uma Normani parada de braços cruzados.
Me virei e ela continuou me encarando. Mani estava claramente à espera de uma resposta.
— Me fala.
— Amor... — Hesitei.
— Agora!
— É... — Era difícil explicar e falar sobre isso. Mas eu tinha que ser sincera com a minha esposa. — E-eu vi o Nela ontem, enquanto estávamos no restaurante...
— O que? O Nela não estava preso? — Ela disparou e a expressão de contentamento sumiu de seu rosto.
Me enrijeci enquanto uma onda de náusea percorreu meu corpo e, com igual velocidade, se transmutou em ira. Me esforcei para não pensar o mínimo possível no que aconteceu naquele ano conturbado e, quando isso me veio à mente, os pensamentos não eram agradáveis. Às vezes a memória não é nossa melhor amiga.
O mundo pareceu ficar escuro por um instante. Minha visão ficou turva pelas lágrimas que insistiam em sair, mas continuei ali parada.
— O juiz Aaron Kavannah no julgamento disse que a decisão foi baseada pela idade, ele tinha vinte anos, e, seu histórico sem precedente ajudou bastante.
— Isso é legal perante a lei?
— Ele não foi julgado como um adulto pela justiça americana e estava sujeito a, no máximo, cinco anos de prisão. E ele cumpriu em um centro de internação para menores... Agora está livre. — Soltei um palavrão mentalmente e fiquei balançando a cabeça. — Mas eu não achei que passasse tão rápido.
Ela chegou mais perto e agarrou pelo cotovelo, me puxando para me dar um abraço. Por um momento eu me senti segura em seus braços. Era reconfortante.
— Não podemos recorrer?
— Não, Mani, na época não tínhamos muito o que fazer. Denunciamos, mas os advogados dele trabalharam para desqualificar o meu depoimento e as provas que foram apresentadas. — Respirei fundo, encarando seus olhos.
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Remember me | Norminah
Hayran KurguComo recomeçar quando tudo, teoricamente, está perdido? As inquietações e incertezas fazem parte da vida de Dinah Jane, uma mulher encantadora perdida em si mesma e no mundo de pessoas que faziam parte de sua rotina, mas agora soam-lhe totalmente a...