11 - A l g u é m C o m o V o c ê

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        As visitas à família Hamilton nunca eram entediantes. Devido a um fato do passado, Dinah achava reuniões em família exageradas, mas lá estava ela, sentada, ensinando piano ao sobrinho de Normani, enquanto a jovem estava no sofá, a observando.

Dinah achava que a música era algo mágico, uma linguagem secreta que sempre estava ali para lhe consolar.
Tocar piano lhe permitia flutuar e alcançar as nuvens, sem sair do lugar, era realmente mágico.

Os olhos castanhos arredondados de Lorenzo, continuaram fixos em cada movimento da loira. Seus toques eram suaves, como se no lugar dos teclados, fossem pétalas de rosas.

        O sobrinho de Normani, após as simples aulas da loira, se sentou no chão da sala, encostando sobre as pernas da tia. Dinah por sua vez, se juntou a noiva, sentando ao seu lado, no sofá.

O garoto havia mudado desde a última vez que a Srta. Hamilton o viu. Agora, Lorenzo estava com seis anos, seu cabelo estavam mais longos​ e seu rosto mais fino. Ele continuava uma criança adorável.
Agora, ele brincava com um monte de carrinhos que ele mesmo espalhara pelo tapete.

Ashlee, a mãe do garoto, Lauren e Camila, entraram na sala conversando. A latina ofereceu um drinque à polinésia, e a mesma aceitou. Já era o terceiro.

Sentadas no sofá confortável, com suas bebidas nas mãos, todas assistiam a um programa que passava na TV.

        Da sacada do piso da casa, dava para ouvir as folhas das árvores que ladeavam a janela, batendo contra a vidraça. Dinah sentiu o aroma, agora familiar, atingir suas narinas. Doce e floral. Ela olhou para atrás e avistou Normani se aproximando.

— Te procurei pela casa toda. Fiquei com medo de que você fugisse. — Ela se debruçou no corrimão de madeira rústica e fitou a mulher. — Por que está aqui fora e não lá dentro?

— Estou pensando...

— Posso saber no que está pensando? — Mani perguntou, recebendo o olhar da polinésia.

— Em como eu estou feliz por estar aqui... Quero te agradecer. — Dinah deu um sorriso breve. — Ver você e sua família, me fez recordar os momentos bons, que eu tive com a minha. Depois que eu fiquei sozinha, tudo mudou. E você tem tudo isso aqui...

— Você não está sozinha. Você tem a mim. — A texana se aproximou e segurou a mão de Dinah.

A loira ficou a olhando por alguns instantes, logo conseguiu perguntar:

— C-como... Como alguém igual a você, pode amar alguém como eu?

— Você não vê? — Normani sorriu. — Você me fez a mulher mais feliz desse mundo. Você foi a única que entrou na minha vida, sem pedir permissão. A única que me fez correr atrás de alguém, e acredite, isso nunca aconteceu até você aparecer. Você abriu meus olhos para a vida e desde então eu vivo sem pressa nenhuma, porque quero aproveitar cada segundo ao seu lado.

Houve um momento de silêncio, causado pelo temor das palavras pronunciadas.
Elas podiam ouvir os corações batendo, mas nenhuma se moveu. Nem mesmo quando o ar beijou os cabelos de ambas.
Dinah sentiu sua garganta queimar, quando percebeu as lágrimas banhando sua face, e então ela balançou a cabeça.

— Eu queria me lembrar, Normani. — Ela sussurrou. — Eu sinto muito.

— Você ainda vai se lembrar, meu amor.

— Talvez se eu fizer uma coisa, eu me lembre... — Dinah falou, não tirando seus olhos dos lábios carnudos da noiva.

— O quê? — Normani sentiu seu coração errar o passo, quando a loira se aproximou ainda mais dela, em resposta.

Dinah subiu sua mão direita, para alisar o rosto da mulher e fechou os olhos quando sentiu que seus lábios iam tocar os de Mani.

Uma movimentação ao lado pegou as duas de surpresa, as tirando daquele momento.

— Achei vocês!

O contato foi quebrado, quando Dinah se separou rapidamente de Normani, sem conseguir o que estava em mente, após ouvir a voz aguda de Camila.

— Eu não estava atrapalhando nada não, né? — Camila se aproximou, recebendo um olhar furioso da amiga. — Okay, eu entendi, desculpas... Mas a sua mãe está te chamando, Mani.

— Eu... — A Srta. Hamilton fechou os olhos, respirando fundo. — Estou indo.

— Parece que ela já deixou preparado os quartos de hóspedes pronto pra nós.

Dinah a olhou confusa.

— Quarto de hóspedes?

— Sim, Andrea faz questão que dormimos aqui. Sabe como é, né? Ir embora esse horário é perigoso. — A latina explicou.

— Eu vou falar com a minha mãe. Mila, cuida da Dinah para mim... Até eu voltar.

— Pode deixar comigo. — Camila abriu um sorriso assustador, levantando as sobrancelhas para a mulher ao seu lado, ao ver a jovem se afastando. — Então, Dinah Jane, você vêm sempre aqui?

        Haviam três quartos de hóspedes, um deles estava ocupado por Dinah e Normani. A loira observou o cômodo, encantada pelos detalhes sofisticados. Da janela, a polinésia avistou a piscina dos fundos, da casa do vizinho, ao lado.

— Mani? — A loira chamou.

— O que houve?

— Eu queria fazer uma coisa ilegal. — Dinah virou, encarando o olhar inquisidor da noiva.

— O quê? — Ela indagou. — Por quê?

— Eu só quero.

— Estamos repetindo tudo de novo, não é mesmo? — Normani cruzou os braços, lembrando do dia em que invadiram o quintal de uma vizinha, para roubar as rosas brancas do jardim. Dinah as adorava.

— Como assim?

— Deixa pra lá. E pare com esses pensamentos — Normani repreendeu.

— Eu sou uma garota má. — Dinah piscou para a noiva e foi difícil ela não soltar um suspiro audível, mas Normani se segurou.

— Vamos, o que quer fazer? — A texana perguntou.

— Eu quero ir naquela piscina. — Ela apontou, com os olhos brilhando.

— Dinah! Temos uma piscina aqui. Não precisamos invadir uma.

— Eu sei. Mas qual vai ser a graça? Sem sentirmos o perigo correndo em nossas veias, a aventura...

— Você é louca.

— Vêm comigo? — Dinah faz uma carinha, convencendo a mulher ali, que revirou os olhos.

— Vamos logo, antes que eu mude de ideia. — Normani segurou as mãos de Dinah, a puxando para fora do quarto com cautela, para não acordar os outros. — Mas não temos roupa de banho, aqui. — Ela murmurou, se lembrando.

— Quem disse que vamos precisar de roupas?

Remember me | Norminah   Onde histórias criam vida. Descubra agora