IV ([Des] Inocência)

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Esse poema, escrito dia 27 de outubro de 2015, foi a minha tentativa de sentir 1% do que todas as mulheres sentiram ou poderão sentir em suas trágicas vidas banhadas de um medo infeliz, na época o tema da redação foi a violência contra a mulher e em meu livro (Os Últimos de Gaia) havia uma personagem que sofrera com esses abusos, escrevi esse poema sobre a sua perspectiva, encarnando o seu eu-lírico da melhor forma que pude, mas ainda sim sem ter a totalidade de seus sentimentos, como poeta sou afortunado em sentir em demasia, mas não deixo de ser apenas um fingidor, fingindo ou não a dor que eu realmente sinto.

Minha vida arruinada
A alma do corpo afastada,
Existe salvação para nós?
Estamos totalmente a sós;

Vivendo como um bicho
Sempre tratada como lixo
Existe salvação para mim?
Não aguento viver assim;

Dona de coisa nenhuma
Objetificada, posse monstruosa
Não sou ninguém, a escandalosa
Que todos gritam mais alto, que eu suma;

Bem que eu preferiria sumir
Do que nesse mundo de ódio
Continuar a existir,
Continuar nesse sofrimento óbvio;

A vida é a maldição medida
Que a nós foi concedida
Minha existência é só um sopro
Eu vivo, logo sofro.

Um Abismo Atrai O OutroOnde histórias criam vida. Descubra agora