XXI (Elegia ao Pai que nunca tive)

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Hoje é o aniversário de sete anos
De que ficamos mais próximos
Do que enquanto você também vivia
Sete anos da promessa jamais cumprida

Espero que você esteja na trilha certa
Porque na Terra você capengava à toa
Tão perdido como eu nem imagino estar
Queria só uma última conversa...

Tenho tantas perguntas, tantas dúvidas
E não posso mais ouvir sua voz
Você lembra a última coisa que me disse?
Eu lembro. E espero até hoje.

Você foi o pior pai possível
E mesmo assim sinto sua falta
Porque tenho pena, nada foi por mal
E não te deram tempo pra se redimir

Ou talvez essa seja a sua redenção
Quantas vezes você me visitou
Até os meus doze anos
Que eu já não tenha suprido nesses sete?

Essa é a sua única e necessária vitória
Não permanecer apenas em meu sangue
Mas em toda a minha alma
E agora, sentado em cima de seu túmulo

Comemoro esses sete anos feliz
Pois você saiu de si e se uniu a mim.
Me espere, um dia estarei contigo
Mas agora a brisa bate enquanto escrevo

Te olhando no fundo do seus olhos,
Amenizo a sua dor, não me falta nada
Só aquele sorvete, se você não tivesse
Mudado seus planos naquela madrugada

De resto, encerro minha visita
Te eternizando...
Em forma de poesia.

Um Abismo Atrai O OutroOnde histórias criam vida. Descubra agora