IX - A vida adulta começa

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A vida adulta começa 
Quando a resiliência vacila 
Quando o peso de sua cruz 
Se torna maior que o de seus sonhos 
E sem um motivo aparente 
As lágrimas não hesitam em fugir

Perdido no meio do caminho
Sem saber se vou ou volto 
Permaneço inerte, congelado, 
Abraçado com meu coração amargurado 
Decisões importantes a serem tomadas 
E eu nem sei se quero

Ao meu redor, o Tempo continua
Correndo sem que alguém lhe alcance 
Maltratando os desavisados 
Que não sabem como jogar 
E ficam assim como eu 
Flutuando em meu próprio desespero

Tem dias que o sol me visita
Minhas pernas são soltas,  
Consigo caminhar, mas não muito, 
Com a visão embranquecida 
Vou levemente voltando 
Para dentro de minha caverna

Se ao menos eu soubesse
O que sinto e o que fazer 
Certamente tentaria 
Embora sinto que falharia 
Mas o que é a falha 
Aos olhos de Deus?

Pessoas vivem julgando
Pessoas vivem impondo 
Pessoas vivem oprimindo 
Eu fico quieto em meu canto 
Sem ir ou voltar 
Preso em meu destino

Fecho os meus olhos e rezo
Para algum deus disponível 
Aquecer meu coração 
E me conceder, 
Um ou dois motivos 
Para continuar 

Chega! 
Não quero ser dependente 
Da humanidade nem da deidade 
Essa jamais foi a vida desejada 
Algo necessita ser feito 
E eu nem sei o que

No fim, penso ter recuperado 
A resiliência perdida na infância 
Junto a ela, 
Quanto tempo jogado fora 
E que não será reciclado... 
Valeria uma redenção tardia?

Bobo aquele que pensa
Que nunca é tarde demais 
Pois é, e muito, 
Por sorte em minha situação, 
Não possuo nada, não sou nada,
Hoje poderei ser alguém. 

Um Abismo Atrai O OutroOnde histórias criam vida. Descubra agora