XXXV - Já não consigo ver as estrelas

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Já não consigo ver as estrelas
No céu elas estão, minúsculas,
embaçadas e sem vida
Tão aterrorizantes quanto a ida
De um amor que jamais sentira

Do que adianta crescer,
se minha doce estrela desaparecer?
Do que adianta evoluir,
se a luz dela não mais fluir?
Avanço que transformou o meu céu num escuro Saara

Lembro de noites estreladas
Que hoje são lembranças desvairadas
Loucura que pode ser comparada,
com a ideia desamparada, de que viveremos juntos
Com o mundo que o homem destruíra:

O Céu, o Oceano e a Floresta
A Santíssima Trindade
Prestes a ser morta
Pela humanidade.


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Esse foi o primeiro poema que eu escrevi, datado de abril de 2015 (antes dessa época só havia escrito contos e crônicas) e foi com essa poesia que eu me libertei, que encontrei um caminho a ser seguido, esse que não cheguei nem em sua metade e sinto o prazer e a satisfação de nele estar;

Num geral, é um poema simples, sem muito a acrescentar, mas tenho um valor sentimental enorme por ele, foi o primeiro e por isso tornou-se marcante para mim e talvez quem sabe, alguém também consiga enxergar a sua beleza, caso ele de fato tenha.

O dia que eu o escrevi, foi num dia em que eu esqueci a chave de casa e tive que ficar no estacionamento do condomínio esperando a minha mãe, deitado em frente o meu bloco olhei para os céus e não enxerguei as estrelas, mas a minha poesia, tudo bem que pelo fato de eu estar sem óculos ocorreu uma certa dramatização exagerada e que agora toda noite eu sou capaz de olhar os céus e enxergar cada estrela que me é visível, talvez esse meu poema vá além dos versos e seja uma inevitável e penosa profecia.

Um Abismo Atrai O OutroOnde histórias criam vida. Descubra agora