Capítulo 11

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Olá!!! Na Mídia tem a música "Braços de Amor", Coral Kemuel, que tem tudo a ver com esse capítulo!!! Se possível, não deixe de ouvir 😉

Ótima leitura e que você possa sentir Deus pertinho nesse momento!!! ❤🌷

★★★

A caminho de casa encontrei Paulo, lembra-se dele!? O pequeno que foi traído pelo melhor amigo. Desde da história do e-mail estive a procura dele para conversarmos pessoalmente, mas ele não apareceu na igreja, se eu fosse procurá-lo em sua casa seus pais teriam que ser comunicados sobre o motivo da conversa, mas como sabem, Paulo ainda não estava preparado para compartilhar a triste experiência com seus pais, então por isso, nossa conversa foi postergada até aquele dia que nos esbarramos em uma estação do Metrô.

- Eu dei a desculpa de matéria acumulada da escola, por causa do curso técnico. - Paulo se explicou ao ser questionado pelo sumiço - Como isso dificilmente ocorre, eles concordaram com minha ausência da igreja por esses dias… Mas, você sabe o verdadeiro motivo.

- Sim, e como tem se sentido!? - eu estava preocupada de verdade, Paulo não se ausentava da igreja por vontade própria nem mesmo quando estava doente.

- Ainda muito mal…

- Falou com o Gabriel ou a Denise!?

- O Gabriel enviou uma mensagem - Paulo tirou o celular do bolso e me entregou após desbloquear a tela - Olha!

Ao segurar o celular me deparei com a última mensagem de Gabriel, era recente, daquele mesmo dia para ser exata e dizia o seguinte:

Cara, me responde! Eu sei porque tem me ignorado, mas foi mais forte do que eu! E outra, vocês dois não teriam futuro! Ela me disse que não teria coragem de te dizer isso por causa da amizade, não queria te machucar!”

- Não queria me machucar. - Paulo disse sorrindo​ de modo forçado ao perceber que eu havia chegado ao fim da mensagem - Como ela acha que eu estou agora!?

- Eu vou falar com eles e te...

- Não! - Paulo me interrompeu - Não, faça isso. Agatha, eu me sinto tão estúpido! Me fala, como você conseguiu se reerguer tão rápido!? Claro que minha situação é nada comparada a sua… mas, me diga se você sentiu o mesmo desejo absurdo que eu sinto que é de vê a terra engolir os dois, por ter brincado comigo!

- Não deixe esse ódio ocupar seu coração, Paulo!

Olhei a nossa volta, pessoas chegavam e embarcavam no trem enquanto nós continuávamos sentados nos bancos laranjas da plataforma. Como eu diria a ele que eu ainda estava recomeçando!? Como eu diria a Paulo que não sou forte como pareço ser!?

- Eu tive vários pensamentos maus, pedi a Deus que tirasse cada um deles da minha cabeça dura! - prossegui​ - Mas no fundo eu queria que o relacionamento de Luíz e Débora fosse um fiasco! E você acha que isso é certo!? Ou saudável!?

- Eu não sei… Não é certo enganar as pessoas e nós fomos enganados, Agatha!

- Eu sei bem o que é ser traída por quem você ama e admira, Paulo! - suspirei - Eu sei o quanto dói, o quanto é revoltante! Mas, também sei que o ódio acumulado dentro de nós só prejudica a nós mesmos! Sabe, fiquei dias sem dormir e me alimentar direito! Eu tinha pesadelos e maus pensamentos! Meu coração batia descompassado, eu não conseguia orar ou ler a Bíblia!  Fui prejudicada fisicamente e espiritualmente por guardar rancor!  Deixei me afundar de um modo desnecessário junto com meu emocional.

- Eu estou assim também… Ainda consigo orar - Paulo falava em um tom escuro, os olhos marejados tinha um brilho triste, como nunca visto antes - Mas, às vezes, esses sentimentos são mais fortes! Eu não quero fazer nada de errado, não penso em me tornar um cara rancoroso e impossibilitado de me apaixonar outra vez… só quero entender porque Denise não foi sincera e porque Gabriel me apunhalou pelas costas desta forma!

- Tem coisas que só compreendemos com o tempo! Quando deixamos a raiva passar e os sentimentos de lado conseguimos enxergar as coisas como elas são. Mas, entender a falsidade e a mentira dos outros é impossível! - nesse momento Paulo me olhou fundo nos olhos - Lembra-se de José!? Foi vendido pelos próprios irmãos, aqueles que deveriam protegê-lo!!!  Mas, o trataram como escravo fazendo-o enfrentar momentos terríveis!!! Enganaram até o próprio pai! Como compreender tal ato!?

- Sim… E anos depois José, diferente dos irmãos, retribuiu o ato com perdão e suprimentos para tirá-los da fome.

- Exato! - peguei em uma das mãos de Paulo, aquele “pequeno” mais alto que eu era como um irmão para mim - Independente das circunstâncias e dos atos alheios, cabe a você escolher o que quer ser! Sabe porque a traição dói!? Porque ela sempre vem de quem menos esperamos.

- Ah Agatha, você tem razão! Agradeço pelas palavras, mas ainda me sinto tão… idiota! - ele fez uma careta - Sempre me pego amaldiçoando a hora que me aproximei de Denise para me declarar, ou o tempo perdido escrevendo poemas e acreditando em cada palavra dela!

- Nunca se arrependa por suas atitudes sinceras e amáveis! Quem tem que se arrepender são as pessoas que não souberam recebê-las! - me coloquei de pé - Vamos, levanta! Quem tem que se arrepender é a Denise! Ela não é obrigada a gostar de você, mas tinha o dever de ser sincera! E Gabriel é um garoto traíra mesmo! Preciso ter uma boa conversa com esses dois, algumas lições bíblicas! Não se preocupe, não vou te expor.

- Agatha, você é a irmã mais velha que eu nunca vou ter - Paulo sorriu, mesmo com os olhos ainda tristes.- Acho que não tenho como impedi-la neste caso, né?!

- Não mesmo! - sorri de volta.

- Obrigado - mais um suspiro - Por todo o cuidado... Te devo essa!

- Não me deve nada, menino! - sorri - Curve a cabeça, vamos fazer uma oração!

Em voz baixa iniciei uma oração tocando um ombro de Paulo.

- Deus, eu sei que esse encontro com Paulo foi planejado pelo Senhor, muito obrigada! Obrigada por preparar esse momento. O Senhor conhece o nosso íntimo e sabe como está o coração do Paulo agora, talvez, Ele ainda não tenha ouvido suas palavras de consolo ou deixado o Seu Santo Espírito agir em meio a esse entulho de raiva e indagações que está o coração dele, mas eu peço sua misericórdia e graça sobre a vida desse garoto! Que sua paz o atinja como atingiu a mim,  de um modo manso e suave que só pode vir de Ti, Papai! Ensina-o andar como Cristo andou, assim como tem me ensinado para que assim, juntos, possamos nos achegar mais à Ti. Amém.

- Amém. - Paulo repetiu e me abraçou - Tudo bem se eu não te soltar nunca mais!?

- Nem pra tomar um milk shake!?

- É sério!? - Paulo se afastou para me encarar, ele sorria.

- Nossa que rápido - sorri de volta - Eu pago!

Em Teu Amor (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora