Capítulo 21

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Eu devia uma resposta à Timóteo, uma resposta que estava entalada em minha garganta. Prometi naquela noite do encontro de casais que assim que me sentisse preparada a daria à ele, também prometi que não demoraria. Já fazia quase uma semana e lá estava eu pensando se estava me precipitando ou se o que me faltava era apenas segurança.

Eu havia pegado o carro de Edu emprestado outra vez, mas foi porque ele estava viajando à trabalho, ou seja, teria carro por uma semana inteira. Já fazia dois dias que não falava com Timóteo, era quinta-feira, no dia anterior quem entregou as Tulipas Amarelas de Arthur foi o entregador oficial da floricultura Lírio dos Vales, o Paolo.

Estava em um semáforo quase chegando ao bairro onde morava, se virasse à direita iria para casa, se seguisse em frente para a floricultura. O semáforo estava fechado para os carros, abri a última mensagem de Timóteo, dizia:

Espero que tenha ótimos sonhos está noite!  E que possa ser um ótimo momento para que seus sonhos renasçam.”

O semáforo abriu, segui em frente, cinco minutos depois estacionei o carro em frente ao pequeno prédio revestido de tijolos vermelhos. Entrei na floricultura, uma senhora junto a dona Fátima ornava alguns vasos com fitas vermelhas e douradas que estavam sobre o balcão oval no centro da loja.

- Olá, em que posso ajudar? - a senhora perguntou, dona Fátima apenas me observava com um singelo sorriso no rosto.

- Boa noite! Sim.. eu preciso falar com o Timóteo.

- Ele está prepa…

- Mãe, você poderi… - Timóteo vinha com um vaso e as mãos sujas de terra - Agatha!?

- Não morre mais! - a senhora falou sorrindo - Filho essa moça é a Agatha!? Você não havia falado o quão bonita era.

- Sim… é ela. - Timóteo parecia surpreso com minha presença na floricultura naquele horário - É.. bom, é… mãe, vou levar a Agatha comigo até a estufa para termos um pouco de privacidade, ok!?

- Tudo bem. Mas, o que você iria pedir!?

- Ah sim, encontrei mais minhocas, pode colocá-las com as outras!? - Timóteo estendeu o vaso para sua mãe e depois em um movimento com as mãos pediu que eu passasse em sua frente.

Passamos por prateleiras de plantas, flores, vasos e chegamos a uma pequena estufa que ficava em uma espécie de quintal fora do prédio. Nela havia mais flores e plantas que eu nem sequer sabia que existiam​, com exceção de alguns girassóis, copos-de-leite e rosas. Ferramentas de jardinagem ficavam expostas; em um balcão de canto estavam alguns vasos recém preparados para serem levados à loja, possivelmente obra de Timóteo.

- Você também é jardineiro!? - foquei meus olhos em Timóteo que lavava as mãos em uma pia de mármore branco, um pouco suja de terra.

- Pois é, surpreendente, não!? - Ele falou em tom brincalhão -  Na verdade sou o atendente-barra-entregador-barra-jardineiro!

- Quantas profissões​!!!

- Isso que não te contei… sou formado em Gestão Empresarial​.

- Uau! Que homem versátil! - brinquei - Bom… logo se vê que não é um desocupado e que não posso tomar muito do seu tempo.

- A loja está quase fechando por hoje! Meu tempo é todo seu. - Timóteo terminou de secar as mãos em uma toalha branca com manchas da terra preta que parecia ocupar boa parte dos vasos que nos rodeavam.

- Obrigada por esperar… - falei sem saber a melhor maneira de iniciar o que eu havia ido fazer ali - Confesso que andei fugindo por um bom tempo! Não apenas das pessoas, mas de mim mesma! Eu não procurava curar as feridas que carregava, simplesmente as ignorava, mas feridas inflamam e, às vezes, chegam a um ponto que a dor torna-se insuportável! Só então, buscamos o antídoto para a cura delas. Foram meses para me curar, quando você chegou estava nesse processo… Agora parece que estão cicatrizando, no entanto, tenho medo de abri-las outra vez…

Em Teu Amor (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora