Capítulo 15

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As Palavras de Timóteo

Antes de me xingar internamente ou interpretar tudo de forma errônea, por favor, leia até o final!

Eu pedi a Deus, mais que duas ou três vezes, que seu coração estivesse preparado quando abrisse o envelope e tocasse essa folha. Pode parecer loucura, mas você compreenderá tudo assim que terminar de ler! Na verdade eu creio que de alguma forma você entenderá e te explicarei em algum momento desse texto, que eu espero não ser extenso (risos).

Lembra da primeira vez que nos vimos!? Talvez, você não se recorde porque você tinha muita pressa. Mas, eu lembro de cada detalhe, eu parei a moto em cima da calçada da empresa, o segurança disse que eu não podia ficar muito tempo lá, graças à Deus em questão de minutos um carro preto parou na entrada do estacionamento e você desceu dele apressada, parecendo aquelas mocinhas de filmes românticos parisienses que minha mãe tem costume de assistir. Você estava usando um casaco vermelho por cima do vestido preto, seu sapato de salto fino te fez desfilar até mim com elegância, o vento gelado fazia seu cabelo flutuar e por um momento pensei "Que linda", mas logo me adverti, você era uma cliente, eu tinha que ser profissional! Mas, em questão de segundos lembrei de Marina falando "Ela é linda, vai gostar de conhecê-la! Só vai com calma porque ela é pouco bravinha sabe!? Mas, é por causa da vida, não a julgue sem conhecê-la direito"

Fiquei te observando entrar no prédio e senti um estranho frio na barriga quando você virou-se repentinamente para trás e me flarou ali parado feito um bobo! Naquele instante senti como se você fosse inacessível, como uma daquelas bonecas de porcelana que ficam em prateleiras inalcançáveis, no entanto, no caminho de volta para a loja meus pensamentos fixaram-se em você, em como me aproximar de você, pois queria te conhecer mais! Na verdade ainda tenho esse desejo. Pedi para Deus preparar um novo encontro, por isso, quando vi você e Marina entrando na loja naquele sábado, meu coração palpitou! Seria Deus me dando uma nova oportunidade!? Eu acredito que sim, então, apenas cabia a mim arriscar.

Porém, as incertezas, o receio... o risco, trouxe de volta aquele baita frio na barriga! Afinal, risco é isso, um caminho com pouca luz, um degrau improvável, uma perda esperada... ou não! Então, depois de tanto pensar, pedi sabedoria à Deus e decidi escrever isso, mas a coragem mesmo só surgiu após um sonho que tive.

O sonho foi incrível, estávamos em um lugar de grama verdinha e tinham azaléias brancas por toda parte, seu vestido era tão branco quanto elas, nós dançávamos descalços sobre a terra úmida misturada à grama e as flores, era uma valsa bem desengonçada, mas eu me sentia tão feliz e leve que nada mais importava.

Eu não podia lhe dizer tudo isso por telefone​ ou durante as entregas​ porque estávamos ambos em ambientes de trabalho, e claro que não podia correr o risco de nos prejudicar.

Sim, nessas pequenas conversas no telefone e nas entregas das benditas Tulipas Amarelas me apaixonei por você. Também sei que paixão não é amor, mas é como tudo começa.

Não se sinta obrigada em aceitar minha aproximação, pode recusá-la! Eu te respeitarei, com certeza! E se achar por bem, peço que outra pessoa te atenda e que o entregador oficial da loja leve as flores de Arthur nas quarta-feiras. Claro que espero o sim... (risos), mas os "nãos" da vida são necessários.

Me contentarei com as lembranças dos​ seus sorrisos ( Que eu sempre acreditei ser exclusivos para mim naqueles momentos!) ao passar pelas catracas da recepção para me atender, e com sua voz aveludada no telefone fazendo o pedido de sempre com uma risada gostosa no final, mesmo naqueles dias em que a ligação não passava de um minuto e meio. Depois a gente esquece e tudo volta ao normal! O que eu não podia fazer era deixar de arriscar! O que eu não podia fazer é encher nossos encontros de joguinhos sem propósitos, pois isso não seria certo!

Com o passar dos dias pensei que meu interesse por você passaria, mas seu jeito espontâneo e às vezes tímido não deixou que passasse, repito, ainda tenho o desejo de me aproximar e conhecê-la muito mais! Então, só me resta perguntar: Está disposta a conhecer o atendente-barra-entregador (como a Marina diz)!?

Obs.: Seu número ainda está salvo em meu celular, mas só te mandarei alguma mensagem ou ligarei se você assim permitir!

A Marina já tem meu número, se precisar ;)

Téo

Em Teu Amor (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora