Capítulo 18

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Música​ "Sentido" - Jeferson Pillar - Na mídia.

***A visão de um filho pródigo bem resolvido, ou quase isso.***

- Filho, se o sangue de Cristo não é o suficiente para você querer segui-lo, nada mais vai convencê-lo!  

Aquela frase martelou em minha cabeça assim que me sentei sobre a grama molhada de uma praça mal cuidada próxima a casa de Agatha. Meu pai havia direcionado a frase a mim dias antes de eu sair de casa e encarar São Paulo sozinho. Ergui minha mão ensanguentada, as gotas de sangue escorreram pelo pulso e atingiram a camisa branca que eu usava.

Lembrei de uma música.. uma que cantavam na igreja:

“Bendito seja o cordeiro que na cruz por nós padeceu, bendito seja o Seu sangue que por nós ali ele verteu (...) Alvo mais que a neve, alvo mais que neve, se nesse sangue lavado, mais alvo que a neve serei!”
(Alvo Mais que a Neve, 39 - Harpa Cristã)

Era uma alusão a mensagem da cruz, somos purificados no sangue de Cristo, isso é, quando nos deixamos ser. Eu estava bem longe da purificação!

Eu havia errado feio naquele dia! Deixei me levar por meus vícios e fraquezas e havia corrido para afogar as mágoas no colo de Agatha. Ela não merecia ter alguém como eu ao lado dela… Eu sei que nunca conseguiria ter mais que sua amizade, mas sua amizade não era algo que também estava merecendo pelo visto!

Eu havia sentido aquele vazio no peito de novo, aquela agonia extremamente estranha que sempre dava um jeito de espantar levando alguma garota para meu apartamento, como pude ser tão tolo a ponto de acreditar que poderia usar Agatha para isso também!? Tentei beijá-la mais de uma vez e depois levá-la para o meu carro, o que será que eu teria feito se o irmão dela não aparecesse!? Nem eu me reconhecia mais!

- Seu burro, burro! - levei as mãos ao rosto, minha mão direita latejou e só então lembrei do sangue. Ótimo, estava todo sujo! - Deus, me perdoa…

O frio estava aumentando conforme os minutos passavam e uma densa garoa já caía junto com todo meu ego! Vamos combinar que nesse momento já deve ter passado por sua cabeça “E aquela história de não sair mais da casa do Pai e querer renunciar às vontades da carne!?”

Amigos não me interpretem mal, Deus faz milagres sim, mas eu estava em um impasse comigo mesmo, depois que seu corpo experimenta algumas coisas fica difícil de acostumá-lo sem, precisa de força física, psicológica e até espiritual nesse caso, para alcançar a liberdade.

Fica fácil compreender isso pensando no café, sim, uma bebida simples e inofensiva, aliás lícita! Muitas pessoas em nosso meio diz que seu dia não começa bem sem um café, outras dizem que o corpo reage a ausência da cafeína, dores de cabeças são bem comuns nesse caso! Outras passam o dia à base de café e  sentem-se  ansiosas  se  não tiver um pequeno gole que seja, apesar de não admitir, sabem que já virou um vício.

Comigo era assim com o sexo casual e uma pequena dose de álcool, me sentia ansioso, solitário e logo pensava em ter alguém comigo, uma mulher - na verdade qualquer mulher - Eu não era apaixonado! Bom, talvez, houvesse paixão de uma noite.

Havia virado um vício sentir uma pele diferente em minha cama a cada semana, um toque, um beijo… um perfume diferente! Sempre era uma nova descoberta que iniciava com uma boa taça de vinho e terminava com uma deliciosa dose de café. Mas, era apenas isso! Eu precisava disso! Ou pensava precisar! Me sentia bem até ser atingido por uma nova solidão e vazio, não, esses não eram novos, me acompanhavam há algum tempo!

Em Teu Amor (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora