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Passou se quase uma semana desde o funeral da minha avó. Temos andando todos um pouco tristes, mas acho que já estamos a voltar ao normal. Ainda dói. Acho que vai ser doer. A minha avó era mesmo muito importante para todos nós e sempre nos apoio em tudo. É difícil dizer adeus a uma pessoa como ela. Acho que pensamos que as pessoas vão ficar connosco para sempre, mesmo sabendo que um dia todos morremos. Nem conseguimos imaginar a nossa vida sem essas pessoas, porque não queremos acreditar que num dia podemos acordar e não as vermos nunca mais.

Não falei com a Lily ainda sobre o que se estava a passar quando entrei em casa. Sempre que tentava puxar o assunto, ela ignorava me e mudava de assunto. Mas finalmente ela aceitou falar comigo. Estamos sentadas na minha cama em frente uma da outra. Ela brincava com uma linha que estava solta da minha colcha.

- Não sei como começar esta conversa- disse ela sem olhar para mim.

- Lily sabes que eu não tenho nada, absolutamente nada contra...- ela interrompeu me.

- Espera. Deixa falar primeiro... Eu preciso de desabafar com alguém.

Eu assenti com a cabeça e ela olhou para mim finalmente. Soltou um pequeno suspiro e depois desviou o olhar do meu.

- Eu não sei bem quando foi. Mas eu comecei... Comecei a sentir coisas pela Emmaline- começou por dizer- Eu não sabia o que se estava a passar comigo, achava que se passava alguma coisa porque eu nunca senti nada por ninguém a não ser rapazes. Tu sabes disso. Tentei achar uma resposta, mas quanto mais eu a conhecia mais coisas sentia. Então eu convidei a para vir cá a casa e expliquei lhe o que se estava a passar. E ela disse que também sentia alguma coisa por mim. E prontos, depois aconteceu e tu chegaste. E não sei o que vou fazer agora.

Quando voltámos à escola ela e a Emma quase não falavam, que eu visse. A Lily andava mais isolada de toda gente. É natural ela estar assim confusa e sentir que está alguma coisa mal como ela. Ela sempre gostou de rapazes e nunca se sentiu atraída por raparigas e agora gosta de uma. Se fosse eu também ficaria assim.

- Já falaste com ela?

- Não- baixou o olhar para as mãos- Ela já tentou, mas... Mads eu não sei o que fazer!

E aí ela desabou a chorar. Arrastei me pela cama e abracei a.

- Eu gosto dela.

- Eu sei...- acariciei as suas costas enquanto ela chorava no meu ombro.

- O que é que os pais vão dizer?- murmurou.

- Isso agora não interessa- afastei e olhei para ela nos olhos- Tu tens é de esclarecer as coisas com a Emma. Eu sei que pode ser difícil para ti ainda assimilar isto, mas ela também gosta de ti e isso é que importa.

- Obrigada por me apoiares- limpou as lágrimas- E por seres compreensiva e me dares espaço.

- Promete me que sempre que precisares de falar vens ter comigo.

- Sim, eu prometo- ela apertou a minha mão e voltou a abraçar me.

- Vá, liga lhe e diz que queres falar com ela.

- E tu não devias também falar com uma certa pessoa?- um sorriso cresceu no rosto dela.

- Como assim?

- Eu sei que também não tens falado com o Shawn desde aquele dia. E também sei que queres falar com ele.

- Sim, talvez queira, mas...- interrompeu  me novamente.

- Não há mas. Vais falar com ele e prontos- deu me um beijo na bochecha e depois levantou se da cama.

Eu deixei me ficar sentada na cama a pensar na conversa que tínhamos acabado de ter. Se calhar ela tem razão e eu devia falar com o Shawn. Já não falo com ele desde que o Noah ligou a dizer o que se tinha passado com a minha avó. Não acabámos a nossa conversa sobre as perguntas que eu tenho sobre ele. Também acho que não lhe agradeci o suficiente por ele me ter apoiado quando eu estava mal. Foi muito importante para mim te lo a apoiar me.

Missing - S.MOnde histórias criam vida. Descubra agora