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Arrumei as coisas quando tocou para o fim da última aula que tinha hoje e fui até ao cacifo que a partir de agora ia ser meu, para ver como aquilo funcionava. Este dia foi... Cansativo e stressante. Ter que apanhar a matéria e o ritmo desta turma, ter de me apresentar mil vezes, ter de associar caras a nomes, ter saudades dos meus antigos amigos, da turma, ter aquela pressão de me integrar radicalmente... Foi mesmo muito esgotante. Ainda bem que já acabou.

- Cuidado miúda!- reclamou um rapaz que tinha acabado de chocar contra mim. Sim, ele veio contra mim e eu é que levo com as culpas. Muito bem educado este rapaz.

- Tás a brincar, tu é que vieste contra mim!- olhei para o rapaz que ia para continuar a andar, mas depois do meu comentário parou. Era muito mais alto que eu, a minha cabeça devia estar mais no menos à altura do centro do seu peito. Mas a altura dele não me intimidou e foquei os meus olhos nos azuis claros dele.

- Se não estivesses para aí a fazer o que estavas a fazer talvez não tivesse chocado contigo- cruzou os braços no peito e olhou me de maneira irritada.

- Se tivesses olhos na cara não tinhas vindo contra mim!- ripostei e ele ficou surpreendido e mais zangado ao mesmo tempo. Deve ser daqueles que está habituado a que todas as raparigas o tratem bem por ele ser extremamente bonito. Mas continua a ser irritante e estou a adorar fazê lo chateado.

- Já me estás a tirar do sério, miúda!- aproximou se de mim e encostou me aos cacifo e deu um murro nos mesmos.

- Olha que pena- pus os braços contra o peito como ele fez à bocado, mas de uma maneira mais descontraída, e coloquei um sorriso divertido na cara.

- Ah tu estás a gostar disto...- ele desviou os olhos dos meus para os revirar e quando os voltou a por em mim ja estava com um ar muito menos chateado. Ele elevou uma das suas sobrancelhas quando os seus lábios desenharam uma espécie de sorriso. Eu olhei para ele e sorri também pouco e mantive o meu ar descontraído- Está bem.

Ele tirou as mãos dos cacifos, libertando me da "prisão" que ele tinha feito com o seu corpo. Ele recompôs se e depois sorriu divertido enquanto olhava para mim. Tirei os braços do peito e fechei o meu cacifo à chave, coisa que não tinha conseguido porque aqui o meu amiguinho temperamental se lembrou de ir contra mim e começar una discussão interessantíssima.

- Já que te estavas a divertir tanto, o que me dizes a uma ida ao cinema?- pôs as mãos nos bolsos e espero uma resposta minha com os seus olhos fixos nos meus.

- Querido,- ironizei- acabei de te conhecer e não foi da melhor maneira- ele riu se um pouco e assentiu com a cabeça- E por isso a minha reposta é lógica.

- Ok, marcamos para amanhã à tarde?- quase que soltei um berro, mas contive me e apenas me comecei a rir às gargalhadas- O que foi?- ele riu se um pouco desentendido. Coitado ele pensa mesmo que eu vou sair com ele... Não está mesmo habituado a que lhe dêem tampas. E ainda se ri por estar a levar uma tampa e não perceber. Até tenho pena dele.

- Não percebeste pois não?- eu continuava a rir me porque ele continuava com um ar todo baralhado que lhe estava a dar uma imensa piada- Eu não vou sair contigo.

- Como assim não vais sair comigo?- ok, esqueçam, este gajo é burro.

- Não vou sair contigo, amigo- aos poucos perdeu o ar desentendido e sorridente e ficou numa mistura de chateado/triste/surpreendido- Deves viver noutro mundo se pensas que todas as raparigas vao sair contigo.

- Prontos, ok, não digo mais nada. Também não sei se sair contigo ia ser divertido, pareces uma seca.

- Pois, nota se. Sou tão seca que te fiz rir em menos de 5 segundos quando estavas aí todo chateadinho- continuei a brincar apesar de me parecer que ele já não estava para brincadeiras.

Missing - S.MOnde histórias criam vida. Descubra agora