26.

172 15 7
                                    

- Madison!

- Shawn...

O seu nome saiu da minha boca quase como um suspiro. Ele estava perto do que eu tinha pensado. O seu cabelo estava enorme e mais ondulado, a sua expressão facial mostrava mostra que estava cansado, notava se que estava um pouco mais magro, mas não tão magro como eu tinha imaginado na minha mente. O seu olhar e pequeno sorriso nos lábios quando me viu fez me querer sorrir também. Estava feliz por o ver, muito feliz mesmo, mas não o ia demonstrar. Não o consigo fazer e quero que ele perceba o que me fez passar ao longo deste tempo todo.

Voltar a estar com ele... Nem sei como me sentir. Sim, ele fez me muita falta, porque eu gosto dele. Mas depois de tudo o que ele me fez, depois das palavras maldosas, das dores físicas que me provocou, do tempo que teve sem me falar ou até olhar para mim, dos segredos que quis continuar a esconder, de não ter confiança em mim, de me deixar saber o passado dele através de uma visita de detetives, de todas as questões e mistérios que me assombram todas as noites e todos os dias...

Não sabia bem o que fazer por isso fiquei a olhar para ele à espera de uma palavra vinda da sua boca, mas também ele parecia estar sem saber o que fazer. Ficamos a trocar um demorado olhar até que ele se desviou e me deixou entrar.

Entrei na casa, se é que se pode chamar isso, e observei a. O chão era todo de madeira escura, as paredes iguais, tinha um sofá velho no meio do que acho que é uma sala junto com uma cozinha. A parte da tal cozinha tinha um frigorífico que duvido que funcione, tinha uma pequena mesa e também uma bancada que tinha alguns sacos de compras. Havia duas portas, que suponho que vão dar a um quarto e a uma casa de banho. Lembrei me da primeira vez que o Shawn foi a minha casa e ficou a olhar para tudo e a prestar atenção a todos os detalhes. Esse Shawn que revelou uma pessoa completamente diferente do que eu estava à espera.

  - Já aqui estou- quebrei o silêncio que se tinha criado logo após eu murmurar o seu nome. Falei de uma forma um pouco rude, mas não queria saber. Quanto mais depressa falarmos, mais depressa ele me responde a todas as dúvidas que tenho e eu deixo de estar assim- O que é que querias?

- Madison...- percebi que ele ia dizer para não lhe falar assim por isso mandei lhe um olhar para que ele percebesse que eu tinha razão- Eu sei que tens motivos para falar assim comigo. Mas... Eu- olhou para o chão e depois continuou- Eu precisava de te ver.

- E sabes o que é que eu preciso?- levantei a voz- Eu preciso de voltar a ser quem era antes de te conhecer! Eu preciso de voltar a ser uma rapariga normal que não tem de andar a esconder rapazes desaparecidos à 3 anos, que assaltam restaurantes e fazem sofrer toda a gente à sua volta! Sabes o que eu passei ao longo deste tempo todo? Tens noção do quanto me magoaste? Porque é que não me contaste? Porquê!? Eu ia ajudar te, eu ia apoiar te! Porque é que escondeste tudo!? Porque é que me magoaste?

Gritei. Não queria ter dito metade das coisas que disse, mas ao mesmo tempo queria. Tinha todas aquelas palavras, e mais, presas dentro do meu peito a quererem sair para fora. Precisava de dizer aquilo se não ia ficar mais doida do que já estou. As lágrimas começaram a escorrer pela minha cara, mas deixei as continuar o seu caminho. Queria que ele soubesse e pudesse ver o quanto me magoou, o quanto me fez sofrer e o quão mal eu estou por causa disso.

- Eu...- ele sentou se no sofá e tapou a cara com as mãos. Depois suspirou e olhou para mim- Eu sei. Eu sei que te devia ter contado. Mas eu conseguia. E ainda não sei se consigo falar desse assunto, e...- ele ia falar mas eu interrompi o.

- Pois, mas vais ter de conseguir- coloquei me à frente do sofá para poder olhar mais diretamente para ele- Porque eu estou a dar em doida, literalmente, até ja tenho de tomar comprimidos para ver se a minha cabeça não explode, e eu quero ficar bem. Por isso vais me responder a todas as perguntas com todos os detalhes que tens e que inventares. Vais contar me tudo do início ao fim!- sei que estava a ser rude, fria e pouco compreensiva com a situação, mas agora não é altura para ter pena dele. É altura de me começar a preocupar comigo e com a minha saúde e não com todas as pessoas que me rodeiam.

Missing - S.MOnde histórias criam vida. Descubra agora