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Já estávamos há dois dias em Portugal e tinham sido dois dias totalmente incríveis! O país é maravilhoso, as pessoas igualmente, mesmo quando falam num português ou inglês apressado e eu não consigo entender nada do que estão a dizer. Temos passeado com os avós do Shawn que nos vão mostrando as coisas mais interessantes. É incrível o pouco e muito que já experienciei apenas em 48 horas! Sempre sonhei viajar pelo mundo, tirar fotografias a tudo o que me aperecesse à frente, gravar memórias inesquecíveis na minha mente... Porém, não achava que o fosse fazer tão cedo. Sim, é só Portugal, mas tudo o que já vivi aqui faz me querer estar todos os dias em lugares diferentes por todo o mundo.

O Shawn está mais que espantando com tudo o que vê. Está tão feliz que parece uma criança! É tão adorável vê-lo entusiasmado, aos pulos e sempre com um sorriso na cara. Atrevo-me a dizer que, desde que o conheci, nunca o vi tão feliz como agora. E eu não consigo ficar indiferente a isso.

Sei que ele está feliz aqui, mais do que estava no Canadá. Sei que ele pertence aqui, que depois de ter ficado sem nada, esta é a sua nova casa. E deixa-me magoada e triste pensar nisso, pensar que talvez ele queira ficar e não volte comigo amanhã. Perde-lo outra vez, ficar sem o ver, ter que lutar por uma relação à distância, que pode nem funcionar... Deixa-me triste e o meu coração parece que aperta. Ao mesmo tempo, estou feliz por ele estar assim, por estar com a família e continuaria feliz se ele escolhesse ficar, se a sua felicidade e bem estar dependesse disso.

Era o último dia em Portugal. Já era quase de noite e de manhã cedo tínhamos de voltar. Aproveitámos este último dia na praia, que tenho a dizer que é ótima! O clima deste país é surpreendente. Estava tanta gente na rua e nas praias, que quase me perdi do Shawn no meio de tantas pessoas.

Fomos agora comprar algumas coisas para o jantar, só os dois, para darmos descanso aos avós do Shawn, que já tanto fizeram por nós.

- Achas que lhes compre alguma prenda, ou assim? Para agradecer por nos terem acolhido nestes dias?- perguntei ao ver alguns artigos regionais. Não sabia bem o que lhes podia oferecer, mas sentia-me na obrigação de lhes dar alguma coisa.

- Não precisas de dar nada Madison, não te preocupes com isso- passou por trás de mim e deu-me um beijo no topo da cabeça- Já tens tudo o que estava na lista?

- Acho que sim- informei e dirigimo-nos à caixa.

- Queres sair hoje à noite? Ir a um bar ou assim...- devíamos aproveitar todos os momentos que temos aqui, mas sinceramente estou um pouco cansada. Temos feito de tudo e quase não tive tempo para repousar. Mas ao ver o quanto ele queria sair e levar-me a algum lado, pensei melhor. Talvez nem fosse má ideia...

- Se não chegarmos muito tarde, acho que pode ser. Não te esqueças que temos de nos levantar cedo amanhã- relembrei.

- Sim, eu sei. Ontem vi um sítio que ne pareceu fixe, e pensei que podíamos ir lá- iamos pondo as coisas no tapete rolante enquanto falávamos sob o olhar atento do rapaz que estava atrás da caixa. Se só falar português, imagino o que ele deve estar a perceber.

Também eu me sinto assim desde que pus os pés em solo lusitano. Quando começam a falar português eu juro que bem tento entender as poucas coisas que sei, mas credo! Esta língua é difícil para caramba! Então quando quero perguntar alguma coisa a alguém e só por ironia essa pessoa não sabe nada de inglês, se mete a misturar português com inglês, é que percebo ainda menos. Gente complicada esta.

- Por mim pode ser. Sei que vais ficar feliz e desde que estejas assim, eu também estou...

- Tu és um anjo!- sorriu-me de orelha a orelha (desde que chegámos só sorri desta maneira) e deu-me um rápido beijo na bochecha antes de pagar as nossas compras.

Missing - S.MOnde histórias criam vida. Descubra agora