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** Últimos capítulos **

Eram perto das cinco da manhã e eu estava acordada e deitada na minha cama. Já nem tentava adormecer. Depois do jantar (quase nem toquei na comida, por isso acho que nem se pode considerar a isto jantar) fechei me no quarto e tentei adormecer. Claro que por mais que tentasse isso não acontecia e há coisa de duas horas deixei de tentar. Acendi a luz da mesa de cabeceira e comecei a um ler um livro, o primeiro que encontrei. Já não lia há bastante tempo, apesar de ser uma atividade que adoro fazer. Pelo menos distraia me. Não me deixava pensar no Shawn, se ele estaria bem, se estava a dormir ou acordado como eu, se o voltaria a ver...

Explicar aos meus pais e aos meus irmãos o que se passou foi a coisa mais complicada de sempre. Contei lhes toda a verdade. Falei lhes dos assaltos, das ameaças do James e do envolvimento do detetive Jones. Contei lhes tudo. Eles ficaram chocados. Se o Shawn estivesse ali naquele momento o meu pai era capaz de o espancar. Gritou comigo e perguntou me como é que eu podia namorar com uma pessoa como ele depois de tudo o que ele fez e essas coisas. A minha mãe tentou acalma lo. Ela percebeu que os assaltos faziam parte de um passado que o Shawn queria mais que tudo por para trás das costas. Até o Nick e a Lily perceberam. Mas o meu pai não. Até que eu fiz uma coisa que nunca faço quando o meu pai está num destes ataques e grita comigo. Gritei lhe também. Disse lhe que o Shawn não tinha culpa de tudo o que o James fazia, defendi o de tudo e disse que o amava mais que tudo na vida, que isso não ia mudar e que eles tinham de perceber isso porque foram eles que me educaram a não julgar as pessoas pelo seu passado. Disse lhe isto e ainda mais coisas. E ele percebeu.

Tudo o que ele me disse antes de os polícias o levarem parecia uma cassete na minha cabeça, a repetir, repetir, repetir. Para além de todas aquelas palavras me fazerem chorar, quase me faziam dor de cabeça.

Se eu não voltar, não esperes por mim, não me vás visitar, não te preocupes comigo, não penses em mim, não sofras por mim... Por favor faz o que te peço. Vive a tua vida. Apaixona te novamente, faz alguém uma pessoa melhor novamente e sê feliz da maneira que não poderás ser comigo.

Como é que ele me podia pedir aquilo? Não pensar nele, não o visitar, não me preocupar com ele... Eu não consigo fazer isso! Eu amo o. E quando se ama não se desiste e não se esquece de um dia para o outro.  Eu sei que ele me quer ver feliz, mas... A minha felicidade depende dele! Não me consigo imaginar feliz como uma rapariga tonta se não estiver com ele ou falar com ele. É como dizem. O amor é uma droga. O Shawn é uma droga. Cada vez quero mais e mais e mais. Não me quero livrar nunca dele. E agora a minha droga já não está comigo e eu estou a desfalecer aos poucos. Foi arrancado de mim como um brinquedo nas mãos de uma criança.

Parei de ler e pousei o livro na cama quando ler deixou de me fazer parar de pensar no Shawn. Apaguei a luz e deitei me na cama e afastei os lençóis. Estava cheia de calor. Olhei para o teto, mais precisamente para as estrelas que brilham no escuro.

Just remember that we lay under the same stars...

Uma lágrima desceu dos meus olhos até ao meu pescoço quando me lembrei da música que o Shawn tinha cantado para mim no seu dia de anos. Ainda me lembrava da melodia e dos seus assobios. Da letra não me lembrava quase nada sem ser aquele verso e um ou outro do refrão. Limpei a lágrima e obriguei me a manter me forte. Forte por mim e forte pelo Shawn. Tinha de me agarrar à esperança. Esperança que ele não vai preso e que vai voltar para mim o mais rapidamente possível. Podia ter uma desilusão, mas sentir me ia melhor por saber que não tinha desistido de nós.

De repente ouvi um barulho vindo do corredor. Podia ser os meus pais ou até a Lily ( que se deixa ficar acordada até às tantas da manhã para falar com a Emma), por isso peguei nos lençóis e tapei me. Quando algum dos meus pais se levantam a meio da noite vão sempre aos nossos quartos para confirmar que está tudo bem. É querido, mas quando estás acordada a estas horas, é um perigo.

Missing - S.MOnde histórias criam vida. Descubra agora