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- Só precisa de continuar a tomar estes comprimidos durante mais uma semana. Depois volta cá para vemos como está

- Muito obrigado, Doutor.

Saímos do consultório. Já era a segunda vez que visitava este médico esta semana. Fiquei doente. Com crises de ansiedade e a quase que entrei numa depressão. Nunca me tinha acontecido. Nunca até agora.

Após a visita dos detetives comecei a sentir me observada. Isso agravou muito mais o meu estado. Acho que o Detetive Jones percebeu que eu estava a mentir e agora me anda a vigiar. Parece que me sugaram a privacidade. Não sei se ele sabe que andar atrás de mim e põe pior. Nem sei se ele sabe como eu me encontro no momento.

Sinto me tão mal. Como se já não tivesse alma. Nunca me senti assim. Só quero que isto acabe. E só há duas maneiras de isso acontecer. Primeiro, continuar a tomar os comprimidos até me sentir melhor. Ou, segundo, aquele idiota do Shawn aparecer e contar me tudo o que eu preciso de saber para que as perguntas desaparecem da minha mente e me deixem de fazer sentir presa num mundo que desconheço.

Ainda não o vi. Ainda não vi o Shawn. E preciso de o ver. Sinto que a única maneira de ficar bem é ele aparecer e me contar tudo. Nem sei o que é que vou fazer quando o vir. Acho que lhe vou dar um estalo com a maior força que puder. E depois vou abraça lo e pedir lhe desculpa e dizer lhe que lamento imenso. Ou então não sei. Ultimamente não sei nada. É assim que eu ando, sem saber nada. Mesmo nada.

- Maninha linda da minha vida!- o Nick abraçou me por trás e deu me um beijo na parte de trás da cabeça. Estava a lavar a loiça do almoço para ver se me distraia.

- Queres ajudar? - sabia me bem a companhia apesar de ja não haver quase nenhuma loiça para lavar.

- Eu lavo e tu secas.

Arregaçou as mangas e tomou o meu lugar. Começou a lavar a loiça e depois dava me a mim para secar com um pano.

- Já te sentes melhor? - sentei me em cima da bancada a secar os pratos.

- Mais ou menos. O médico mandou me continuar a tomar os comprimidos.

- Sim, mas não era isso que estava a perguntar.

Eu percebi o que ele quis dizer. Eu também sinto que não são os comprimidos que vão resolver alguma coisa. Só vão atenuar a dor que eu sinto dentro do meu peito e por toda a minha mente.

- Não sei Nick...- suspirei- Acho que só vou ficar melhor quando ele se dignar a aparecer e me explicar tudo.

- Achas que ele vai fazer isso?

Deixou a loiça e pôs se à minha frente com as mãos ao lado das minhas pernas.

- Não sei...

- Eu só te quero ver bem- deu me um beijo na testa e depois virou se de costas para mim- Sabe para as minhas costas.

- O quê? - perguntei a rir. Já algum tempo que não me ria. Pelo menos assim, verdadeiramente.

- Anda lá!- resmungou a sorrir.

Revirei os olhos e subi para as costas dele. Enrolei os braços à volta do seu pescoço enquanto ele segurou as minhas pernas com os braços. O Nick começou a andar para fora da cozinha. O meu pai que estava na sala olhou para nos e riu se. Encostei a cara às costas do meu irmão e continuei a rir.

- Alguém bateu à porta- avisou o meu irmão. Acho que as minhas gargalhadas eram tão altas que nem ouvi ninguém a bater à porta- Vamos ver quem é.

Ele foi até à porta aos santinhos e eu comecei a rir me ainda mais. Abriu a porta e eu espreitei por cima do seu ombro.

- Boa tarde!

Missing - S.MOnde histórias criam vida. Descubra agora