Missing - S.M

45.

Já era terça feira. TERÇA FEIRA! Não sei se estão a perceber a gravidade da situação, mas hoje é terça feira, o que quer dizer que já não tenho notícias do Shawn à quase 5 dias. Todos estes dias têm sido literalmente  uma tortura. Não durmo propriamente há 2 dias, - e acho que isso se nota perfeitamente - não ando a comer quase nada, tanto estou com um humor impossível de aturar ou tanto estou a chorar. Passo os dias trancada em casa, menos quando vou ver se o Shawn está na casa dele ou na outra onde este escondido para se proteger do James. E faz hoje exatamente uma semana desde que ele me pediu em namoro, o que piora radicalmente as coisas. E também piora eu estar na porcaria daquela altura do ano e não ter vontade de fazer nada e estar com uma dor de barriga desgraçada.

Tenho saudades dele. Do seu sorriso, do seu riso, dos seus olhos, da pequena cicatriz que tem na cara, das suas tatuagens, dos seus braços a apertarem me contra o seu peito e a protegerem me do exterior, das suas mãos entrelaçadas com as minhas e dos seus lábios colados aos meus... Tenho saudades da sua voz, do seu cheiro e do seu toque. Mas ainda mais, tenho medo de que lhe possa ter acontecido alguma coisa grave. O James pode ter percebido que o Shawn estava a trabalhar com o detetive, ou o plano deles pode não ter resultado...

Tenho me mantido atenta a todas as notícias, tanto na televisão como no computador, para ver se alguém falava de alguma coisa. Ao mesmo tempo, não queria ver as notícias, porque podia ser mau sinal. O pior que pode ter acontecido foi o James ter "despachado" o detetive e ter aprisionado o Shawn e obriga lo a trabalhar para ele. Pelo que o James fez entender, ele precisa do Shawn, por isso acho que posso ter esperanças em ele estar vivo... Bolas, o Shawn não pode estar morto! Eu nunca iria conseguir viver comigo mesma se lhe acontecesse alguma coisa de grave, quanto mais se o James... bem, sem ele também o "despachasse".

Levantei me da cama. Eram 6 da tarde, a hora a que eu costumo ir inspecionar ambas as casas à procura do Shawn. Despi o meu pijama e vesti uma roupa casual e quase literalmente a primeira que encontrei. Calcei me e coloquei o telemóvel no bolso de trás dos meus calções. Olhei para a minha camera partida e lembrei me da espécies de promessa que o Shawn tinha feito, que me ia comprar outra. Tenho de me agarrar a estas pequenas coisas. Querem dizer que ele vai voltar para mim.

Antes de sair de casa passei pelo quarto da minha irmã para a avisar que ia sair.

- Vais ter com o Shawn?- ela tirou os auscultadores dos ouvidos e perguntou.

- Sim. Não sei se demoro muito tempo ou não, mas se os pais chegarem e eu ainda não estiver aqui dizes lhes.

- Quando é que me vais explicar o porquê de estares assim? Quase morta viva- levantou se da cama e colocou se à minha frente- Não comes, não dormes, não sais de casa a não ser para estares com o Shawn... Mana, estou preocupada contigo.

- Está tudo bem...- passei as mãos pelos seus braços e depois dei lhe um beijo na testa- É só... Não interessa. Eu vou ficar bem.

- Já sabes que podes falar comigo- relembrou me. Eu queria falar com ela, obviamente, mas não lhe posso contar sobre o grupo do James e sobre as ameaças deste.

- Eu sei mana...- suspirei- Já volto.

Despedi me dela e sai de casa. Primeiro ia à casa do Shawn. Ele deixou a porta das traseiras aberta para que se precisasse de ir lá não ter de passar pela entrada principal e ser mais discreto caso alguém o estivesse a observar ou à procura dele. Portanto era fácil para mim entrar lá. Comecei a fazer isto no domingo. Verificava no andar de baixo e depois ia ao andar de cima, mas não entrava em nenhuma porta, apenas chamava pelo seu nome. Se ele estivesse ali, ia responder. E eu sei o quanto ele gosta da privacidade dele.

Entrei pela porta das traseiras e chamei o. Não recebi nada em troca. Fui à cozinha, à casa de banho e, claro, à sala. Nada. Nada parecia ter sido mudado ou tirado do sítio. Nada parecia diferente. Fui então ao andar de cima. Subi as escadas a chamar o seu nome.