Sim eu aceito!

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O elevador abre as portas e Carlos sai na frente, ele parece apressado, dá a volta em sua mesa enorme e senta.

- Bem, Davi, aqui está o seu novo contrato. Leia e depois decida se vai ou não aceitar a proposta, mas fique sabendo que nenhum funcionário desta empresa teve essa oportunidade.

- Mas por que eu, Carlos? Por que você me escolheu para esse cargo?

- Primeiro, eu nunca pensei que precisaria de alguém para me auxiliar com minha agenda e compromissos. Em todo caso, eu deveria abrir um processo seletivo interno para promover um funcionário. Deve ter alguém aqui com mais experiência que você, mas eu não quero mais um bajulador me seguindo por aí.

E segundo, você tem um ótimo currículo e parece ser capaz de exercer essa função. Tem a vantagem de não ter trabalhado comigo, então não terá vícios de trabalhos anteriores e fará tudo do meu jeito. Por tanto, não se ache especial ou melhor do que os outros!

- Claro que não, senhor! - Ele me olha e respira fundo porque o chamei de senhor.

- Leia o contrato, por favor!

Comecei a ler o contrato minuciosamente para não cometer o mesmo erro de antes. Fora ter que me disponibilizar aos sábados, domingos e feriados, está tudo certo.

- Carlos, como você disse, não serão todos os fins de semana que irei trabalhar, certo?

- Certo! Serão raros os fins de semana que teremos que trabalhar, mas haverá! - Leio mais uma vez o contrato para me certificar de que não há nada de errado.

- Se é assim, então sim, eu aceito! - Ele abre um sorriso como se estivesse comemorando a vitória, mas quando percebeu que eu estava olhando, fechou a cara.

- Boa decisão!

Eu assino a papelada e entrego para ele. Ele coloca todos os papéis em uma pasta e guarda na gaveta.

- Estou encaminhando minha agenda para seu e-mail. Lá você encontrará todos os telefones e contatos dos sócios.

- Sim.

- Lá também você vai encontrar os endereços dos restaurantes onde como e das cafeterias onde tomo café.

Aqui está o celular com o qual vou me comunicar com você. Nunca deixe de atendê-lo.

- Mas eu já tenho um aparelho celular!

- Mas eu não vou ligar para seu telefone particular. Todas as ligações relacionadas ao trabalho você receberá nesse número.

- Entendo.

- Você já pode ir!

- Com licença.

Pego o celular e sigo em direção à porta.

- Bem-vindo às empresas Vespoly, Davi!

- Obrigado. Ele volta a olhar para o computador e eu saio.

Olho para o smartphone na minha mão e o odeio. É um Samsung. Detesto essa marca.

Já na minha sala, sento-me em frente ao computador e abro o e-mail que Carlos me enviou. Lá estavam, como ele me falou, todos os telefones dos sócios, restaurantes, bares e cafés de que ele precisa, além de todos os seus compromissos.

Isso me dá um frio na barriga, pois agora vou cuidar da vida pessoal e profissional de um dos homens mais ricos de São Paulo. O telefone que Carlos me deu toca e não reconheço o número.

- Vespoly, bom dia!

- Sim, Davi, bom dia! Sou eu, Carlos. Davi, ligue para Roberta e peça para ela enviar as cotações para meu e-mail. Ligue também no restaurante japonês e peça o de sempre. Depois, ligue no massagista e agende uma hora para depois do expediente.

Seu Poder Sobre MimOnde histórias criam vida. Descubra agora