Família

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Carlos

Pego meu carro e saio em alta velocidade pela cidade até chegar à empresa. Subo para minha sala o mais rápido que posso. Os funcionários que estavam dentro do elevador saíram dele no momento em que eu entrei. Antes, vê-los fazer isso me dava satisfação por saber que todos me temiam, mas agora isso me incomoda.

Passei as primeiras horas do dia resolvendo negócios pendentes, mas minha mente não me deixava tranquilo. Brigar com Davi assim e sair sem resolver as coisas me deixa aflito. Pego o telefone de mesa e disco o número dele, mas só toca e cai na caixa postal. Passadas mais de três horas, nada dele. Esse sumiço repentino do Davi está me deixando louco. Decido voltar até a casa dele para ver por que ele não me atende.

Chegando na rua da casa do Davi, percebo uma movimentação estranha dos moradores. Estaciono o carro em frente à casa, saio do carro, passo pelo portão que está aberto e chego na porta. Dou três batidas, mas não obtenho resposta. Bati mais duas vezes e a porta se abriu.

- Davi! Oi, estou entrando. - Dou uma olhada em volta e vejo muitas coisas fora do lugar. - Dona Noêmia! Tem alguém em casa? - Sigo em direção às escadas que dão acesso ao andar de cima, subo dois degraus e quase escorrego no terceiro. Olho para baixo, para ver onde escorreguei, e vejo sangue... Sangue! Meu coração acelera e um medo muito grande toma conta de mim. Saio correndo pelos cômodos da parte de baixo da casa gritando por Davi e sua mãe. Sem resposta, pego meu celular e ligo para ele mais uma vez. Enquanto o telefone toca, me dirijo para o andar de cima, mas quando estou no meio das escadas, ele atende.

- Alô

- Davi? O que está acontecendo? Por que você não atendeu minhas ligações nem respondeu minhas mensagens?

- Eu não estou em casa, Carlos, e não estava com meu celular.

- Que você não está em casa eu já sei, pois estou dentro dela e está uma bagunça e... - Continuo subindo as escadas até chegar no quarto da mãe de Davi. O chão do quarto está coberto de sangue e isso fez meu medo aumentar. - Davi, de quem é esse sangue no quarto da sua mãe?

- É da minha mãe. É egoísmo, eu sei, mas saber que o sangue não é dele me tranquilizou um pouco.

- Da sua mãe? Como assim? O que aconteceu com ela? O que aconteceu aqui?

- Meu pai tentou nos matar.

- Você está bem? Ele feriu você, meu a... Davi? - Pelo calor do momento mais uma vez eu quase o chamei de meu amor.

- Sim, eu estou bem, mas minha mãe foi baleada no ombro. - Meu Deus, que horror! Que pai monstruoso é esse?

- E como ela está?

- Ela está se recuperando. Ela já fez a remoção da bala e os médicos disseram que não é nada grave.

- Graças a Deus! Me diz onde vocês estão, Davi? - Meu coração está apertado. Quero vê-lo logo.

- Estamos no Hospital São Camilo.

- Me passa o endereço.

- É Rua Voluntários da Pátria, 3693 - Santana.

- Já estou a caminho daí. Davi, eu queria me desculpar pela maneira como te tratei hoje mais cedo e dizer que eu te... - Ele não me deixa terminar a frase.

- Tá, Carlos, depois a gente fala disso. Agora, eu não tenho cabeça para pensar em mais nada.

- Me desculpa.

- Vem, estou te esperando.

Ele desliga o celular e eu corro para o meu carro e dirijo como um louco até chegar ao hospital. Chegando lá, estaciono do outro lado da rua, mas antes de sair do carro vejo Davi discutir com outro rapaz. Os dois parecem estar bem alterados. Saio do carro, vou na direção deles e acelero o passo quando vejo Davi empurrar o cara e o mesmo levantar o punho para acertá-lo. Chego a tempo de segurar seu braço e o torço para trás.

Seu Poder Sobre MimOnde histórias criam vida. Descubra agora