Sem saída

2.3K 235 43
                                    

Davi

Nada poderia me deixar mais abalado neste momento do que ver a figura de Eduardo parado na minha frente com todo o seu cinismo. Ele está com a mão estendida esperando que eu a pegue para completar o cumprimento dele. Num impulso, estendo a minha mão e aperto a dele com força. Ele sorri para mim mais uma vez.

- Como vai, Davi?

- Vou bem!

- É bom te ver, garoto! - Não posso dizer o mesmo, pensei em dizer, mas isso só atrairia mais olhares curiosos para mim.

- Obrigado - respondi tentando esconder meu nervosismo. Eduardo se senta do outro lado da mesa, assim ficando de frente para mim.

- Ah, quase esqueci que você trabalhou para ele - disse Carlos. - O quê? Como ele sabe?

- Como você sabe?

- Suas referências no seu currículo. Bom, agora que estamos presentes, podemos dar início a essa reunião.

 Carlos, com um controle remoto, passava os slides em uma TV de OLED superfina suspensa no ar por cabos de aço quase invisíveis que saíam do teto. O gráfico mostrava a discrepância nos números dos custos para seu novo empreendimento. Todos os sócios ficaram assustados com o que viram: o rombo era de cerca de 10 milhões de reais, quase o valor total desse novo condomínio no Rio de Janeiro.

- Carlos, você tem que resolver isso! Eu investi muito dinheiro nisso para ser lesado assim. Quero respostas! - disse Eduardo.

- É justamente para isso que estamos aqui, meu caro Eduardo. Temos que descobrir como esse dinheiro todo desapareceu.

- Mas as obras estão indo bem - disse um dos sócios.

- Não, não estão! Pelos meus cálculos, essa obra já era para estar no fim, mas não chegou nem à metade, e os custos para essa obra já estavam sendo cobertos. É aí que entra esse roubo milionário. As compras para os materiais foram feitas, mas esses materiais não foram usados em nosso empreendimento. 

- E foram usados onde então? - Perguntou Eduardo, que o tempo todo não tirou os olhos de mim.

- Isso é o que estamos tentando descobrir - Respondeu Carlos.

- Tentando? Pelo que vejo, você está rondando como barata tonta sem sair do lugar, Carlos!

- Não se exalte, Eduardo. Descobrimos esse desfalque há pouco tempo e todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas. Essa reunião é mais para a ciência de vocês.

- Mas isso é um absurdo! Como um desfalque desse consegue passar desapercebido assim em uma empresa desse porte?

- Não somos infalíveis, Eduardo, mas como disse antes, todas as providências foram tomadas, e creio que logo acharemos os culpados.

- Mas como você pode estar tão tranquilo sabendo que tem ladrões dentro da sua empresa?

- Não estou tranquilo, mas não vou sair aos quatro ventos que vou encontrá-los.

- Acho que seu pai errou em tê-lo nomeado como presidente interino dessa empresa, ao menos agora.

- Como você ousa a questionar a vontade do meu pai? Ele era o dono disso tudo, ou seja, eu sou o dono! Preciso lembrá-lo disso toda reunião?

- Além do mais, Carlos vem tendo êxito em tudo que faz aqui dentro, Eduardo. Não sei por que todo esse alvoroço. - Disse outro sócio. Vendo que estava se exaltando demais, Eduardo tentou se justificar.

Seu Poder Sobre MimOnde histórias criam vida. Descubra agora