Julgamento Parte (I)

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Olhando em seus olhos, respondo com veemência, pois Carlos parecia estar se alterando novamente.

- Mas eu não o beijei!

- Eu sei, ele te beijou e você retribuiu.

- Só por um momento, depois eu o afastei de mim. - Senti meu rosto arder depois de ter dito isso.

- Você gostou? - Carlos me deu as costas.

- Foi uma coisa intensa, eu não sei bem o que achei daquilo tudo.

- Você gosta dele?

- Claro que sim, ele é meu amigo! - Ele Se vira e me olha nos olhos. Não tenho certeza, mas acho que seus olhos estavam marejados.

- Por favor, Davi, não faça esse jogo comigo. Você sabe do que estou falando!

- Não estou fazendo jogo algum. Eu o amo, mas não da maneira que amo você! Eu o correspondi, mas me arrependo.

E não que isso faça muita diferença, mas nós não estávamos juntos, lembra? Diogo é um dos meus melhores amigos e não quero que isso mude.

- Pode até ser, mas ele claramente não pensa assim! Ele quer ser muito mais que um amigo.

- Não sei bem o que ele quer, mas ele estava na minha vida antes de você chegar, e nunca tivemos nada.

- Só sei que você me fez ver um mundo onde eu poderia ser uma pessoa melhor e deixar toda aquela escuridão onde eu achava que era feliz.

- Obrigado por me atribuir a tanta coisa boa, só que poderia ser qualquer um! Você já devia estar cansado de tudo e só viu isso depois.

- Será? - Ele me abraça e responde à sua própria pergunta - Eu acho que não.

Davi, me desculpe por gritar com você aquele dia, me perdoe por ter ido àquela boate, foi um erro... - Ele começou a chorar e isso me deixou surpreso, eu nunca pensei que fosse ver Carlos nesse estado.

- Xiiii - Eu o abraço com força - Não precisa ficar assim...

- Preciso, eu preciso de você e tenho deixado escapar aos poucos por conta desse meu orgulho que nunca me levou a nada! Por conta disso, um jovem está morto e você se afastando a cada dia.

- Eu estou aqui ainda, não estou?

- Está, depois de tudo que eu te fiz passar naquele prédio nas mãos do Eduardo, você ainda está aqui. Não sei se mereço você - Ele me abraça com mais força.

- Já disse que o Eduardo abusou de mim bem antes de você entrar na minha vida.

- E por minha causa ele continuou e fez o que fez.

- E nós vamos passar por isso juntos. - Ele olha para mim e eu dou um sorriso seguido de um beijo acalorado.

Nos dias que se seguiram, Diogo me evitou, mesmo eu não tendo nada a ver com o beijo dele, ou tenho? Ele tem me tratado como se eu fosse o culpado, mas não tenho tempo para isso agora. Tenho que esperar até poder conversar com ele e saber o porquê deste tratamento. Mas agora preciso focar no julgamento que está marcado para a próxima semana. Me dá um frio na espinha só de imaginar. Minha mãe diz para eu relaxar porque vai dar tudo certo, mas não tenho tanta certeza. Eduardo tem muitos recursos e eu não posso me dar ao luxo de ficar tranquilo. Ele tem que pagar por tudo que nos fez. Talvez só assim poderei colocar... Um ponto final nisso tudo e seguir em frente.

O dia do Julgamento finalmente chegou. Sentado no banco do carona, eu fico olhando para o nada, pensando que mais uma vez terei que encará-lo.
Carlos, trabalhando em conjunto com os advogados, conseguiu incluir as provas que eu consegui nos autos do processo, mesmo com a defesa do Eduardo fazendo de tudo para barrá-las.
Quando as provas foram apresentadas para o júri, fui tomado por uma vergonha, mesmo sabendo que não fiz nada para merecer aquilo. Talvez ser exposto dessa forma na frente de tantas pessoas tenha causado esse constrangimento.

Seu Poder Sobre MimOnde histórias criam vida. Descubra agora