Tudo novo, de novo

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Davi

Áudio: -Então suponho que você já tenha contado para o Carlos o que rolou entre a gente?

- Não contei porquê aquilo não foi um rolo! Você me estuprou, me espancou e me deixou trancafiado na sua sala sangrando por um dia inteiro!

- Não exagere, Davi. Eu sei que você gostou e aposto que quer mais!
Carlos não deve ser nada. Eu sou o homem de que você precisa!

- Então quer dizer que você não se arrepende do sofrimento e humilhação que me fez passar?

- Me arrepender? Se eu pudesse, faria tudo outra vez sem pensar duas vezes.
Você não sabe o quanto eu te desejo, Davi.
Fico contando os segundos para poder ter você de novo!

Interrompo a gravação e todos me encaram boquiabertos, como se tivessem visto um fantasma. Carlos foi o primeiro a falar:

- Que desgraçado!

- Você o pegou, Davi! - disse Carla, enquanto me abraçava.

 Posso ver um sorriso aliviado no rosto do meu namorado, apesar de tentar de todas as maneiras não deixar transparecer. Eu sei que ele anda preocupado comigo. Depois daquele dia, ele tem evitado ficar sozinho comigo. Tenho que ajudá-lo antes que ele procure auxílio na bebida outra vez.

Alguns dias atrás  

Carlos

Davi estava se recuperando bem da cirurgia e eu fiquei mais aliviado, mas tinha coisas que ainda não tinham saído da minha cabeça. O fato de saber que o maldito Eduardo tinha assassinado meu pai e estuprado meu namorado estava me corroendo por dentro. Olhar para minha mãe e relembrar as cenas dela sendo torturada e humilhada me deixava enfurecido. Tudo que eu mais queria era matar aquele desgraçado.

Na sala do meu apartamento, aqueles pensamentos não me deixavam refletir. Eu precisava me livrar deles, nem que fosse por um momento.

Caminhei até o frigobar e me servi de uma dose de uísque. Andei até a janela e o sol tímido que encontrou uma brecha nas densas nuvens de inverno encontrou meu rosto. Seu calor me reconfortou e me fez lembrar das tardes quentes de verão. Dei mais um gole na bebida. Minha garganta ardeu, fazendo meus olhos lacrimejarem. Fazia tempo que eu não bebia bebida alcoólica por influência do Davi. Tenho medo de me descontrolar perto dele, mas hoje eu precisava. Todos aqueles pensamentos estavam me deixando louco e eu não aguentava mais. Precisava desligá-los.

As horas foram passando e quando me dei conta estava no quinto copo de uísque. Davi estava silencioso hoje e de repente senti uma vontade enorme de vê-lo. Peguei meu telefone para ligar para ele, mas lembrei que ainda não tinha levado o smartphone novo que comprei para ele. Liguei na residência, mas ninguém atendeu. Então, resolvi ir até lá. Liguei para o Manoel e pedi para ele vir me buscar no apartamento. Ele chegou alegre e falante, mas quando me olhou, seu semblante mudou no mesmo instante.

- Tudo bem, senhor?

- Sim, está!

- Tem certeza de que está bem para sair, senhor? Já faz um tempo que não o vejo assim! - Disse ele num tom preocupado.

- Mas é claro, por que não estaria? Respondi num tom não muito amigável e me arrependi na mesma hora, mas não disse nada.

- Me desculpe, senhor - Disse ele baixando a cabeça.

Ele tentou puxar conversa durante a viagem, mas eu só dei respostas curtas e sem muito interesse, e ele pareceu entender que eu só queria ficar quieto.

Seu Poder Sobre MimOnde histórias criam vida. Descubra agora