Cicatrizes

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Carlos se aproxima e tira Diogo de cima de mim, com um pouco de brutalidade, coisa que não me agradou muito.

- Calma aí, rapaz. Sai de cima dele! Você não vê que ele acabou de fazer um procedimento cirúrgico?

- Não encosta em mim, projeto de Papai Noel! Se não fosse por você, Davi não estaria aqui!
Você nunca deveria ter entrado no caminho dele, então nos faça um favor e saia da vida dele antes que você o mate!

- Como você ousa dizer uma coisa dessas? - Carlos dá um passo em direção ao Diego. Eu resolvo intervir.

- Parem já com isso!

Diego, o que você disse não é verdade. O único culpado aqui é o louco do Eduardo. - Diogo me ignora e continua a discutir com Carlos.

- Larga de ser sem noção, mané. É claro que eu sei que ele está recém-operado.

Além do mais, eu não fiz pressão sobre ele, não é, Davi? - Eu fico meio receoso com essa indagação do Diogo, pois Carlos não parece nada contente com essa aproximação entre a gente.

- Sim, ele não me pressionou. - Carlos range os dentes e responde ao Diogo em tom de ameaça.

- Tá, só não fica tocando nele! - Diogo, em afronta, pega minha mão.

- Davi não é propriedade sua, Carlos! Você pode estar se envolvendo com ele, mas ele continua sendo uma pessoa, não um dos seus objetos.

- Pra quê isso, Diogo? - Disse Thiago, indignado. Carla me olha com os olhos arregalados.

- Você não sabe de nada, seu moleque insolente! - Carlos pega Diogo pelo colarinho. - Como você se atreve a me acusar dessa maneira? Eu vou esfregar sua cara na parede.

Diogo não se deixa intimidar e desafia:

- Vamos lá, o que você está esperando?

Mais uma vez eu tento intervir:

- Já chega! Se vocês não se comportarem como seres humanos, vou ter que pedir que se retirem.

Carlos continua a encarar Diogo, mas o solta.

- Peçam desculpas!

- Desculpa, Davi! - Disse Diogo.

- Não é para mim, peçam desculpas um ao outro!

- Eu não vou pedir desculpas para o barba suja! - Respondeu Diogo.

- Não o provoque mais, Diogo. Será que vocês não conseguem passar uns minutos sem brigar? Vamos, peçam desculpas.

Eles se aproximam e estendem as mãos. O aperto de mão não dura três segundos.

Eu consigo ver a tensão que existe entre eles.

- Desculpa aí, men. - Disse Diogo.

- Me desculpa por querer encher sua cara de porrada. - Respondeu Carlos.

Diogo se senta em uma poltrona que está no canto, próxima à porta do quarto. Com a cara fechada, ele me observa.

Todos voltam a atenção para mim. Ficamos conversando sobre tudo o que aconteceu e sobre o que fazer daqui para frente. Porém, não pude deixar de notar que Carlos ficou meio chateado com minha proteção ao Diogo. Mas o que eu posso fazer? Não quero que eles fiquem brigando a cada encontro. Além do mais, tenho que resolver as coisas com Diogo. Aquele nosso beijo deve tê-lo deixado mais confuso sobre nossa relação.

Não acredito que meu amigo seja gay. Preciso saber o que está acontecendo com ele.

Depois de muitas risadas e descontração, meus amigos se despedem e vão saindo. Minha mãe, que estava esperando do lado de fora, se despede e entra no quarto.

Seu Poder Sobre MimOnde histórias criam vida. Descubra agora