Capítulo 22

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Os garotos esperaram todos saírem, para entrarem na igreja novamente. O lugar parecia bem maior quando vazio, e mais claro. SeokMin saiu correndo até o altar, pegando algo que havia em um armário embaixo da cruz, onde o padre guardava os elementos usados na cerimônia. Hóstias e a taça com o vinho.
— Eu sempre quis saber — se pronunciou SeokMin, enquanto Jeonghan se aproximava. —, se isso realmente é vinho e ovo.
— Não é ovo, é pão ázimo — respondeu Jisoo. — Você nunca se comungou?
— Acho que não. Não fiz catequese, nem nada disso. Meus pais só vem a igreja para pagar pelos pecados.
SeokMin disse aquilo com tanta amargura que deixou Jisoo desconfortável. O que seus pais haviam feito de tão terrível assim?
— Enfim, quero experimentar — disse Seok, com certa empolgação, o que arrancou uma risadinha de Jisoo.
— Sabe que, o que você está fazendo é um pecado, não sabe? Apenas quem já fez a primeira comunhão pode provar — disse Jisoo, ficando ao lado do amigo no altar.
— Já cometi muitos pecados, um a mais não faz diferença.
Jisoo pegou a tigela com as hóstias, uma garrafa pequena com o vinho e a taça. Enquanto ele colocava o vinho na taça, Seungcheol observava seus movimentos simples e delicados. Tão lindo...
— A hóstia representa o corpo de Cristo, e o vinho representa o sangue. Quando você comunga, você está ingerindo o corpo e o sangue de Cristo — explicou Jisoo, colocando a pequena hóstia na boca do amigo, como faziam os padres.
SeokMin fez uma careta. Aquilo não tinha gosto de nada, e derretia na boca, se dissolvendo facilmente. A ideia do gosto que tinha em sua mente era bem mais interessante.
— Sem querer ofender, mas Jesus não podia ter um corpo mais gostoso não?
Jisoo riu, mais de nervosismo do que pela piada em si. Estava com medo de alguém entrar e os pegar no flagra, mas aquilo não seria correr um risco? Ele queria correr riscos, sentir seu coração acelerando, mesmo que por uma coisa boba daquelas.
Ele deu a taça com o vinho para Seungcheol, que tomou um gole enorme. Pelo menos o vinho era vinho mesmo.
— É isso — concluiu Jisoo. — Você acaba de cometer um pecado, e se comungou pela primeira vez. Como se sente?
— Extremamente bem. E esse vinho está maravilhoso.
Os dois deram risada, e pararam instantaneamente. Ouviram barulhos de passos em direção ao altar, e SeokMin tratou de agarrar o pulso de Jisoo e o levar para debaixo da mesa. Eles se esconderam naquele espaço minúsculo, ouvindo os passos ficarem mais altos. Um dos coroinhas suspirou ao ver a bagunça deixada por eles, pensando ser algum engraçadinho encrenqueiro, e arrumou tudo.
Enquanto isso, Jisoo mal respirava. Evitava fazer qualquer barulho ou movimento brusco, assim como SeuokMin, que segurava a garrafa de vinho nas mãos. Jisoo o olhou como se dissesse "De onde tirou isso?", mas o garoto só deu de ombros como resposta. Assim que o coroinha foi embora, ambos suspiraram, aliviados.
— Isso foi legal — disse SeokMin, encarando a garrafa.
Jisoo espiou para ver se ainda não havia alguém enquanto dizia:
— Você não está pensando em beber essa garrafa inteira, não é?
— Claro que não, só preciso de alguns goles pra ter coragem de fazer a maior loucura da minha vida.
— Que seria...?
SeokMin tomou um longo gole, entornando a garrafa. Então, se aproximou do amigo, e o beijou.
Jisoo deu um pulo, assustado com a velocidade que Seok se aproximara. Ele estava com os olhos arregalados, encarando o amigo que ainda mantinha seus lábios nos dele. Aquilo era errado, era completamente errado. Seus pais o ensinaram que o homem havia sido feito para a mulher, e vice versa. Ser gay era anormal, era ir contra seus ensinamentos.
Mas então, por que havia gostado tanto daquilo?
SeokMin encarou Jisoo, que ainda mantinha uma expressão de choque. Aquilo era loucura, claro, mas o garoto não pôde resistir. Jisoo era lindo, ele havia o conquistado de um jeito que ninguém havia feito até então. Ele era especial.
— Desculpa — sussurrou SeokMin, abaixando a cabeça. — Eu não deveria ter feito isso, sei que isso deve ser errado pra você...
Jisoo ergueu a cabeça de SeokMin novamente, o fazendo olhar nos olhos. Ele mantinha uma expressão suave agora, com um leve sorriso naqueles lábios tão convidativos.
— É errado para a minha família. Para mim, isso é a coisa mais certa que fiz na vida.
E ali, naquele altar de igreja, diante de Deus, Jisoo cometeu seu maior pecado.
Amar Lee SeokMin.

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Amar as vezes pode até ser pecado mas quando se ama ficamos compelatente cegos e realmente não vemos em que caminho estamos indo

Antichrist ✝ SeoksooOnde histórias criam vida. Descubra agora