Promessa
Melissa:
Meu nome é Melissa Aparecida dos Santos. Há dezoito anos carrego sobre mim o peso desse nome. Logo após o meu nascimento minha mãe, Hortência, quando me batizou, dizia estar cumprindo uma promessa que era sua e eu, honestamente, não tinha nada a ver com isso.
Eu sei que bebês não falam, mas imagino que chorei. Devo ter chorado rios na tentativa de fazer o padre desistir do batizado. Mas, como nada é tão ruim que não possa piorar, o registro de nascimento já havia sido feito.
Minha certidão de nascimento é praticamente uma declaração de prepotência da minha mãe. Dona Hortência havia tomado decisões importantes por mim, antes mesmo de eu nascer e mal sabia ela que a tal promessa custaria a minha vida.
Benjamin:
O que é uma promessa?
Seria aquilo que você diz e garante que irá cumprir, mesmo que o mundo caia sobre sua cabeça?
Por que não ser assim com todas as coisas que dizemos ou fazemos? Por que quando se promete a palavra tem mais valor? Isso significa que você pode dizer algo falso? Algo que não tem importância a alguém? Seria por que esse alguém não tem, de fato, importância?
Eu não prometo mais nada a ninguém.
Tampouco gasto minhas palavras.
Eu não prometerei amor. Eu não prometerei amizade. Não prometerei sorrisos, abraços, minha presença. Não prometerei que serei capaz de me lembrar de você. Por tanto não me faça exigências, porque nem mesmo respirar eu serei capaz de prometer.
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O Som da Solidão {EM HIATO}
General FictionMelissa era seu primeiro nome, para brindar a geração de mulheres de sua família com mais uma flor. Aparecida era o segundo, para glorificar a Nossa Senhora. Criada pela mãe e pela avó, Melissa desconhecia a paternidade e de todas as lições que apre...