Amor Eterno?
Benjamin:
Chega um momento na vida em que você sabe.
Você simplesmente sabe que aquela é a pessoa certa. Que aquela é a mulher da sua vida. Aquela que você tem certeza que vai dividir com você todos os momentos, que vai estar ao seu lado, que vai envelhecer com você. Aquela pessoa que você gosta de conversar, que os assuntos nunca esgotam, porque você ama tanto ouvir a voz, estar na companhia, que faz de tudo pra que seja eterno.
Marcela surgiu de forma natural na minha vida.
Estudávamos na mesma universidade, apesar dos cursos diferentes.
Em um dos primeiros dias eu vi uma moça na chuva pela avenida principal e notei que ela estava indo para a universidade pelo símbolo desta na bolsa. Ofereci uma carona, gentil. Ela ficou um pouco receosa de entrar em um carro de estranho, mas disse a ela que manteria a porta do carona destrancada, não havia perigo e estava chovendo muito. Ela aceitou.
Fomos em silêncio por uma parte do caminho até que eu perguntei seu nome:
— Marcela e o seu?
— Benjamim. Letras? — perguntei, porque tinha visto na bolsa personalizada.
— Pois é! E você?
— Gastronomia.
— Legal homens que cozinham.
— Gosto muito.
Chegamos e nos despedimos. Na saída eu a vi novamente e chamei seu nome dando uma corrida leve já que ela estava chegando no portão e a chuva seguia.
— Marcela!
— Oi?! — Virou-se procurando pelo chamado.
— Posso te levar também, não tem problema.
— Não precisa, meu namorado está aqui me esperando.
— Ah claro! Ótimo! Não é bom ficar pegando chuva.
— Isso é verdade. Até! — Se despediu erguendo a mão.
— Até.
No dia seguinte eu passei pela avenida no mesmo horário e lá estava ela caminhando. Parei o carro e fui solicito novamente e ela disse que andar fazia bem pra saúde. Mas faltavam uns bons quilômetros, rebati. Ela aceitou contrariada e ofereci de levá-la todos os dias, afinal era caminho pra mim e não me custava. Ela aceitou apenas depois de eu aceitar um pagamento. Eu não aceitaria, mas isso ficaria pra depois.
E assim aconteceu: eu a levava pra faculdade e ela voltava com o namorado. Nossas idas começaram a ficar divertidas porque descobrimos gostos musicais semelhantes, além de curtirmos os mesmos filmes e comidas. Debatíamos os últimos lançamentos do cinema e comentávamos sobre canções antigas e as novas que deveriam virar clássicos.
Marcela era sorridente e expansiva, tinha uma risada contagiante e eu gostava de vê-la sorrindo. Ela era bonita mesmo na simplicidade das roupas de faculdade.
Um semestre inteiro sem faltarmos um único dia de aula, e sempre que um de nós se atrasava, avisávamos ao outro por sms para não dar desencontro. E ao final desse mesmo semestre descobri que estava muito apaixonado, pois teríamos dias de férias e eu não queria. Queria ter mais pretextos para vê-la, só que não consegui pensar em nada. Só me restava uma alternativa: me declarar. Mandei uma mensagem de texto como sempre fazíamos, porque ela tinha namorado e eu não queria que ele atendesse uma possível ligação. Escrevi que queria devolver um cachecol que ela tinha esquecido no meu carro e se poderíamos nos encontrar na lanchonete do centro. Não havia nenhum cachecol. Apertei o botão enviar com o coração aos pulos e quis apagar a mensagem logo depois, mas era impossível, tava feito. Pra passar o tempo e a ansiedade de espera, fui ajudar minha mãe com o jardim. Morava num sobrado simples, porém bonito e minha mãe se gabava das flores que enfeitavam.
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O Som da Solidão {EM HIATO}
Fiction généraleMelissa era seu primeiro nome, para brindar a geração de mulheres de sua família com mais uma flor. Aparecida era o segundo, para glorificar a Nossa Senhora. Criada pela mãe e pela avó, Melissa desconhecia a paternidade e de todas as lições que apre...