Da sequencia de Rebelião dos Irrecuperáveis, Pandora Moon, 28 anos, castigada pelo passado agora se vê fazendo uma difícil escolha em abraçar uma causa que a tempos fora esquecida. Unindo forças com novos e antigos aliados, ela selará seu destino e...
A liberdade transformará todo sofrimento em justiça
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Que adorável dia para estar morta.
E que guarda chuva sofrido esse, obtinha furos em seu centro onde escorria água gelada que tocava meu coro cabeludo e se espalhava adiante. Poças de lama encharcavam minhas botas de cano longo ocultando sua verdadeira cor. Que vento implacável, não sabia ao certo qual direção tomar, quase empurrava-me para fora da calçada esburacada, de rachaduras visualmente perigosas. Que motoristas parvos, esqueciam de dirigir na chuva, seus carros ocupavam as avenidas enfileirados com os motores ligados, porem imoveis. As buzinas montavam uma orquestra em desordem.
Que céu fúnebre, onde os flash dos relâmpagos mostravam as nuvens ocultas pela camada de poluição. E que dores nas costas. Elas me incomodavam de uma forma castigadora, como se eu fosse me quebrar ao meio a qualquer instante.
No meio de tantas coisas acontecendo, senti um imenso vazio. Passando pelos olhos das pessoas apressadas, nas ruas, nas lojas, nas casas, eu sentia olhares vagos. Algo como se a rotina da grande massa tomasse o consciente e o subconsciente. Um ato que as obrigassem a ter aqueles trajetos diários, aqueles problemas inacabados. Trabalhar, sustentar a família ou a si próprio, estudar e chegar a um patamar que te cobre mais estudos e mais trabalhos. Pessoas aprisionadas não vivem, elas sobrevivem. Pessoas vazias não sentem, elas mentem. Quantas mentiras rondavam esta avenida.
As sacolas que eu segurava não iriam aguentar muito mais tempo da caminhada caótica até em casa.
E que casa. Lugar onde eventualmente eu descansava. Ou ao menos tentava.
Atravessando a rua e passando por mais alguns buracos, consegui alcançar o bar do Ted. O letreiro em neon cujo nome tinha uma letra apagada, piscava aleatoriamente. Homens fora de si riam do lado de dentro e dois se esmurravam no lado de fora, rolando na calçada. A entrada do local era completamente aberta, não possuía portas. O vento invadia o ambiente mas passava despercebido pelo calor que emanava das bocas pútridas dos alcoolizados.
— Olha só quem está aí! — exclamou o rapaz atrás do balcão. Fechei o guarda-chuva quebrado, e torci meus cabelos até cessarem os pingos, depois os prendi em um coque — pela cara teve um dia ruim.
— Todos os dias são ruins, Ted.
Joguei o guarda chuva em um balde ali perto, virei as costas para o rapaz e subi as escadas no fundo do local que dava para o segundo piso. Era uma luta diária subir aqueles degraus cansativos. Desta unica vez retirei as botas que já estavam ensopadas junto com minha meia e continuei a subida descalça.
O lar que me aguardava era condenado por este bar pestilento vinte e quatro horas.