Lamentar uma dor passada, no presente, é criar outra dor e sofrer novamente.
Quando a manha chegou, o sol voltara a nos castigar.
Abastecemos as garrafas com a água da própria chuva. Era o que tínhamos.
Estávamos construindo um laço que fortalecia a ambição de todos ali: Manterem-se vivos. Desta vez nos preparamos como uma equipe e não como um indivíduo. Pensando desta forma, traçamos um plano mais cauteloso do que chamar atenção no meio da avenida principal de uma cidade cercada por monstros. Caminhamos em ruas estreitas, onde havia mais arvores para nos camuflar, sem perder de vista o prédio onde nosso possível salvador encontrava-se.
— Como você acha que isso é possível? — questionei enquanto conversávamos sobre a existência misteriosa de tais monstros.
— Não sei, isso eu realmente não sei. Me surpreende o fato disto nunca ter virado noticiário. Se Dante estiver falando a verdade, o governo acoberta os experimentos da MindPlace, eventualmente acoberta tudo nesta ilha. Não consigo achar um motivo plausível e nem uma explicação palpável para essa situação.
— A impressão que tenho é que estamos em uma perigosa disputa por classes, como nos velhos tempos.
— Antes fosse. Aqui, se morrermos, continuaremos mortos — respondeu o rapaz franzindo a sobrancelha.
— Disputa por classes? Como nas histórias que Joice nos contava?
— Exatamente como Joice contava, Meggie, ela só omitia a parte em que as crianças participantes morriam brutalmente de diversas formas, por diversos monstros diferentes e...
— Pan, ela não é obrigada a escutar isso — advertiu Brok.
— Me desculpe. Bom, a impressão é que estamos em uma dessas disputas.
— Ei! Tem uma criança no final daquela viela! — Apontou Meggie para um lugar estreito e cumprido. Quando olhei, realmente alguma coisa se moveu e saiu de nossa vista.
— São... caminhantes? — Perguntou Brok apreensivo.
— Se fosse, avançaria na gente — concluí — Meggie!! Volte aqui! — adverti em um tom baixo e irritado — mas era tarde, a garota disparara no local onde avistara o indivíduo. Fomos obrigados a segui-la para descobrir quem poderia ser, mesmo que isto nos tirasse do trajeto principal.
A trilha nos levava para mais distante do centro. Entramos em um bairro sem saída, completamente dominado por gramas altas que não pertenciam mais ao asfalto. Era um lugar amplo, repleto de entulhos e arvores tão secas que seus troncos podiam ceder com uma brisa. Os prédios não eram destaques aqui, e sim, pilhas de manequins. Pedaços de cabeça, pernas e troncos, estavam espalhadas por toda parte. O plástico dos bonecos encontrava-se em estado deplorável. Alguns deles serviam de casa para insetos e caramujos.
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III - Liberdade Para Irrecuperáveis
Mystery / ThrillerDa sequencia de Rebelião dos Irrecuperáveis, Pandora Moon, 28 anos, castigada pelo passado agora se vê fazendo uma difícil escolha em abraçar uma causa que a tempos fora esquecida. Unindo forças com novos e antigos aliados, ela selará seu destino e...