ATO 18

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Aquilo que nos protege, também pode nos destruir

     Se um dia eu pudesse escolher ter uma vida saudável, talvez moraria em um sitio como este

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     Se um dia eu pudesse escolher ter uma vida saudável, talvez moraria em um sitio como este. Sempre gostei dos prédios e das ruas deprimentes da cidade grande, mas o verde que tem aqui, é tão bonito que me comprou a ideia de paz. Aqui, a chuva talvez não seria tão triste, as nuvens cinzas não seriam tão melancólicas e o filtro escuro que elas deixavam não seria tão mórbido. Eu, somente eu, continuaria triste, mas em paz. Se é que essas duas coisas, juntas, são possíveis de fato. Aqui neste jardim, as flores bonitas estavam sendo manchadas, uma a uma por sangues coagulados, escuros, pisoteadas e destruídas por pés e corpos abatidos.

     O bonito não precisa ser exatamente algo colorido. Flores manchadas também soava poético para alguém triste, a única coisa que eu não tinha naquele momento, era a paz e muito menos um sítio só para mim. Como de costume, morte e tristeza me acompanhavam, impedindo que eu ficasse sozinha.

      —ABAIXE! —Gritou Joice para Brok ao puxar o gatilho para mais um estouro de miolos. Os caminhantes atacaram Dianna e a imobilizaram. Seu pescoço fora destroçado por mordidas ferozes e insaciáveis. A canibal que devorava caminhantes agora fora devorada por eles. Um destino tão impecável quanto sua morte, que deu o ultimo suspiro em cima de um campo de rosas brancas.

     Joice tinha uma bolsa amarrada em sua cintura, onde pegava as balas para a espingarda. A mulher não piscava, e sua expressão fria me preocupava mais do que as próprias criaturas. Acho que ela realmente se importava com as crianças que cuidava. Ao ver o cadáver de Dianna, algumas lágrimas escorriam de seu rosto opaco. Mas a expressão continuava fria. Admito que ela era um mulher forte e que não demonstrava fraqueza na frente das outras crianças.

     É como se quisesse passar a elas que tudo está sob controle e que nada as fará mal.

     — MEGGIE, ENTRE NA COZINHA JUNTO COM AS OUTRAS! — gritou Joice. A mesma obedeceu mas era um pouco tarde, pois quatro caminhantes entraram na casa junto com ela. Parei o ataque com o tridente e não tive escolha se não entrar no casarão para ajuda-las. Por mais que eu trouxesse um rastro de morte comigo, sempre que eu tivesse a oportunidade de ajudar uma vida, eu ajudaria — Mas que inferno! — reclamei.

     Chegando no local, entrei pela cozinha e logo ali uma cena realmente complicada. Amanda havia sido atacada primeiro. A garota estava no chão da cozinha, sozinha, de olhos abertos e com o peito amostra e ensanguentado.

     — P-pan-dora... — sussurrou ela ao me ver. Me ajoelhei para estampar o ferimento imposto — mantenha a calma, Amanda, vai ficar tudo bem.

     — Está frio... bem frio...

     — A noite não está muito agradável mesmo, eu vou te tirar desse chão e...

     — Pan... Joice não me contou o resto da canção... que mamãe criou... — Amanda começara a tossir e junto disso, sangue começara a sair de sua boca. Passei a mão em sua testa e ajeitei seus cabelos com cuidado. Olhei em seus olhos semiabertos.

III - Liberdade Para IrrecuperáveisOnde histórias criam vida. Descubra agora