ATO 23

966 188 112
                                    

     As nuvens começaram a surgir sorrateiras, tapando o palco de estrelas

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

     As nuvens começaram a surgir sorrateiras, tapando o palco de estrelas. Uma por uma, até formarem um conjunto completo. Correntes elétricas, movidas por elétrons surgiram, iluminando tudo em sua volta. Um poderoso relâmpago propagava-se, tão poderoso que poderia extinguir o breu pelo resto da noite.

A chuva aproximava-se. Ao notar o barulho, Meggie abrira os olhos, levantando assustada e com a respiração ofegante.

— Calma, garota! Foi só um trovão!

No entanto Meggie disparou para dentro do edifício, abriu a porta que dava para a saída do terraço e desceu as escadas apressadas. Corri atrás dela enquanto Brok fazia uma expressão surpreso.

— VOLTE AQUI GAROTA! O QUE ESTÁ FAZENDO?! — Desci as escadas em passos largos até chegar no piso de baixo. O prédio possuía diversos escritórios destruídos, a luz principal vinha de uma grande janela retangular que pegava do chão até o teto do andar, algum dia ela possuía vidros. Ali, podíamos ter a visão do resto da cidade, com seus milhares de outros edifícios em ruínas. Meggie estava de baixo de uma escrivaninha, que dava de frente para esta janela. Observava alguns outros relâmpagos que invadiam o céu. Me aproximei de passos leves. Fiquei de pé atrás de seu corpo, que encolhia em seus braços, sentada e curvada para frente. Ela escondia sua cabeça.

— Ei, o que houve? Você tem medo deles?

Meggie acenou positivamente.

— Eu também tenho, na verdade — a reconfortei abaixando e pegando seu braço. Puxei ela para fora da escrivaninha e a levantei devagar — tempestades não são o que parecem.

— Como... não...?

— Cada gota que sai daquele céu, são um conjunto de lágrimas dos Deuses, você sabia?

— Lágrimas? Pensei que eram apenas... chuva — questionou aflita.

— São o que quisermos que sejam. Os Deuses se reúnem lá em cima e contemplam a natureza que criaram, suas lágrimas não são de tristeza, mas sim de alegria. Elas varrem todos os devaneios e impurezas, dão um fôlego para as plantas e tudo a nossa volta. O ar fica mais limpo, o cheiro de terra úmida tranquiliza a vida no planeta.

— Aonde moram esses Deuses?

— Não muito longe de nós, imagino, já que suas lágrimas conseguem nos alcançar! — sorri, acariciando seus curtos cabelos — observe com carinho, o espetáculo vai começar, veja!

E a chuva caiu. O som em conjunto de gotas explodindo no chão e em todas as partes sólidas, formavam uma grande orquestra natural. Meggie, apesar de relutante, tapando seu rosto para evitar a cena, ainda bisbilhotava entre os dedos. Aos poucos, quando notou não haver perigo, ela lentamente fora abaixando suas mãos e dando espaço para a vista imensurável de uma longa noite chuvosa que englobava a metrópole abandonada.

— Viu só? Não é bonito?

— Sim... eu acho que sim — respondeu sem desprender a vista além da janela.

III - Liberdade Para IrrecuperáveisOnde histórias criam vida. Descubra agora