ATO 7

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É inútil tentar destruir os sonhos de alguém que nunca sonhou.

"A noite estava tão fria neste dia, eu deitei em minha cama olhando para o teto estrelado, Luna estava em meus pés, aconchegada, mais do que nunca

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"A noite estava tão fria neste dia, eu deitei em minha cama olhando para o teto estrelado, Luna estava em meus pés, aconchegada, mais do que nunca. A paz durou poucos minutos. Sussurros vinham do quarto de Alene e eles  ficavam cada vez mais evidentes. Uma discussão de ambos criava forma

     — ... essa porcaria não funciona direito, eu ainda me lembro, Alene. Me lembro de vários fragmentos.

     — Você queria o que? Se parasse de beber essas porcarias ele faria um efeito mais duradouro.

     Levantei meu corpo da cintura para cima, passei a mão em meus cabelos ondulados e retirei a coberta de meu corpo, despertando a atenção de Luna. Desci da cama. As solas de meus pés sentiram o chão frígido, mesmo calçados por meias grossas, rosas e felpudas. Encostei meus ouvidos na parede gelada que conectava o quarto ao lado, na qual desencadeou uma sensação de arrepio, começando pelo próprio ouvido e estendendo-se pelo resto do corpo. A conversa ficara muito mais nítida do que antes. 

     — Ela já dormiu? — questionou papai.

     — Já está em seus mais profundos sonhos.

     — Alene, até quando vamos esconder isso de nós? Ela não é nossa filha. 

     — Cale essa boca, não diga essas coisas. Pandora é nossa filha. Quando eu aumentar nossas dosagens , todas essas questões serão apagadas permanentemente. Ela é nossa filha, entendeu? — meus olhos arregalaram em estremo. Prendi a respiração para não perder uma sequer palavra.

     — Para de remexer esses documentos, isso não vai te ajudar em nada — advertiu mamãe.

     — Queime-os então, enquanto eu me lembrar vou admirar o que criamos. 

     Não houve uma resposta. Ambos silenciaram o monologo por segundos até mamãe começar a tossir e produzir barulhos pelo nariz.

     — Ela é nossa filha. Ponto final — concluiu.

"Aquela estranha conversa mais parecia um dos pesadelos que eu geralmente tinha, sem nexo. Nada comparado a que uma conversa real entre marido e mulher seria. Em nenhum outro momento da minha vida havia visto eles falando daquele jeito. Papai e mamãe eram como todos os outros pais. Atenciosos, as vezes rigorosos e acima de tudo, carinhosos. Não muito diferente dos pais das minhas amigas da escola. Quando voltei para cama, meu sono desaparecera por tempo indeterminado, permaneci acordada, imóvel, pelo resto da noite, refletindo"

     — Não esqueça de limpar o pote de ração da Luna, está começando a ficar fedido! — advertiu mamãe ou me dar um beijo na testa como geralmente fazia ao sair de casa para o trabalho. Papai sempre ia embora bem cedo e voltava apenas de noite. Seu cargo era como segurança de um restaurante muito bonito no centro da cidade.

III - Liberdade Para IrrecuperáveisOnde histórias criam vida. Descubra agora