ATO 32

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Uma alma sem respeito é uma morada em ruínas.

Uma alma sem respeito é uma morada em ruínas

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     A vi de perto apenas em lembranças. Sua pele está muito mais pálida que o normal e sua face estampava um medo satisfatório. Ao contrário do meu, que mesmo por baixo de um suor gélido ainda mantinha confiança. Meus punhos doíam, calos cresciam nas costas das minhas mãos e uma dor salpicava pelos meus braços e ombros.

     Eu estava ali, preparada, ao contrário dela, cuja alto confiança transbordava, não permitindo que olhasse adiante. O nariz empinado esbanjava poder em excesso, incontrolável. Ainda continuava bonita, impecável. Os anos para Audrey foram engavetados e enterrados junto com milhares de pequenas almas, e agora, estava para ser enterrado com ela.

     — Traidor miserável — disse a bela mulher, ríspida, olhando para Edgar.

     — É apenas um bom negócio, querida Audrey — rebateu ele.

     — Só um bom negócio — completei.

     — Não vão sair com vida daqui.

     — Engraçado que pensamos a mesma coisa a seu respeito?

     Segurei firme meu bastão. Meus batimentos denunciaram um desespero infindável. Estava claro que uma chacina iria ocorrer ali, naquele enorme hall de experimentos diabólicos. Uma breve vista para trás, encontrei bebes entubados e rodeados por fios. Edgar permanecia atento, sem desprender sua vista para Audrey. Era aqui que tudo deu início?

     — O que... você esta fazendo com essas crianças... sua desgraçada...?

     — E que diferença faz se eu responder? — Audrey correu em direção de uma escrivaninha e apertou alguma coisa na parte de baixo do móvel que fez todo o local ser invadido por uma sirene ensurdecedora. Luzes vermelhas emergiram do teto e piscavam como uma decoração natalina. Segundos depois, senti meus pés tremerem sob o chão e um forte som de passos caminhando até nós.

     Em torno de dez seguranças apareceram no local, empunhando armas semelhantes a nossa, com destaque para uma onda elétrica que se estendia por toda a ferramenta. Um golpe daquilo e seria fatal. Edgar olhou para mim e depois para os rapazes ferozes. Não foi necessário uma comunicação com ele, Edgar virou de costas para mim e eu de costas para ele. Formávamos uma defesa impenetrável. Em atos sincronizados, atacamos os seguranças em pontos vitais de seus corpos. O derramamento de sangue fora poupado. O velho era muito mais ágil e habilidoso que eu, mas eu era mais jovem e resistente que ele. Seus ataques apesar de mortais estavam gastos.

     Todos possuíam um armamento de primeira, mas antes que pudessem sacar os revólveres eu os golpeava no pescoço e no peito, imobilizando-os.

     "Não tire uma vida sem necessidade" disse Edgar naquele terraço frio onde treinamos por três dias e três noites. Talvez ele não considerasse nenhum daqueles homens bem trajados como perigo eminente, ainda que possuíssem armamentos que nos destruiriam. Meu bastão tocava suas peles, afundava em seus músculos. Braços, pernas e peitoral. Um por um, caíam como bonecos de pano. Alguns tiverem a infelicidade de cair em cima de suas armas elétricas, causando um resultado mais desagradável do que apenas cair no chão. Mas não importava agora. O foco ainda era a mulher bonita, de cabelos curtos, ruivos e repicados.

III - Liberdade Para IrrecuperáveisOnde histórias criam vida. Descubra agora