ATO 34

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O medo do perigo é mil vezes pior do que o perigo real.

O medo do perigo é mil vezes pior do que o perigo real

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     A tarde chegava ao fim.

     Cansados e feridos, conseguimos tirar um curto cochilo naquela apertada cabine. Quando acordamos, todas as nuvens próximas foram tingidas em um laranja luminoso. O céu nunca esteve tão elegante. Alguns pássaros manobravam no ar ao fim do horizonte, atravessavam o aglomerado de novelos brancos e seguiam em direção a terra. O Reino Unido estava próximo. O reflexo solar rebatia nas águas azuis e mesclava com as pequenas ondas lá embaixo, como grandes amigos. Feen encarava o cenário com seriedade. 

     — Quem é a garota? — questionou Feen ao me notar acordada.

     — Uma amiga. Foi a única que consegui salvar naquele sitio — Meggie escorava em meu ombro, enquanto eu acariciava seus curtos cabelos negros. Dormia como uma pedra.

     — Ela parece ser tão corajosa quanto você — elogiou.

     — Ela é — ficamos em silencio por um tempo até eu voltar a falar — Que plano louco foi esse, Feen? — questionei. 

     — Jogue a maior carga desta responsabilidade em Dante, por favor.

     — Só para informar que estou escutando a conversa — disse Dante enquanto pilotava.

     — É para escutar mesmo, idiota — respondeu Feen, ríspido.

     — Como pode confiar nesse psicopata? Nos colocou em risco! Olha a situação de Brok, olha a minha... não da nem para contar nos dedos as vezes que quase morremos. Você sabia da minha fraqueza e mesmo assim, usou ela contra mim, me forçando a participar de toda esta insanidade.

     — Sinto muito, Pan. Nunca foi minha intenção deixar que se machucassem, acredito que nem a de Dante. Só queríamos destruir as Purnel e a Mindplace, mas precisávamos de você também.

     — Mas falharam. Pompoo ainda existe — rebati.

     — Não pode desconsiderar tudo o que passamos. O plano de um jeito ou de outro caminhou para algum lugar. Nós matamos Audrey e destruímos a base principal delas. Saímos com vida.

     — Eu e Feen ficaremos com a empresa quando Pompoo cair. Daremos uma vida decente para todos os órfãos vítimas desse projeto. É simples assim. Você e Brok fizeram suas partes no plano. Isso te beneficiou também, Pandora, você só não sabe ainda — Interviu Dante.

     — Cale essa boca! Você deveria ter se explodido junto com o Insanity Asylum! Matou todas aquelas crianças e ia matar Feen também! Você ia matar todos nós e agora vem me falar em dar vida descente aos órfãos? 

     — Pan, Dante é um vigarista. Mas ele também está lutando do nosso lado. Da maneira dele, mas está. Não podemos ficar desenterrando o passado de todo mundo para julgar as atitudes do presente. Todos aqui estão diferentes. Imagino que até mesmo essa criança — Feen apontou para Meggie, enquanto Brok roncava — Não precisamos disso, somos mais do que um amontoado de fatos. Somos os únicos irrecuperáveis daquela geração. É a nossa sina estarmos todos aqui. Amigos ou não, a guerra ainda não acabou.

III - Liberdade Para IrrecuperáveisOnde histórias criam vida. Descubra agora