Um assalto romântico

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Eu estava em uma exposição de quadros, havia quadros e cores por todos os lados, pessoas faziam cara de paisagem e outras uma cara blasé. Era noite, fazia um calor ameno, harmonizando com uma brisa suave. Já havia planejado o assalto perfeito, estava decidida, iria ter a peça mais bonita e exótica daquele local.

A princípio, eu queria a peça apenas por um capricho. Sempre fui muito mimada e, quando me encantava com algo, queria aquela coisa de qualquer jeito. Mas, depois de um tempo, apaixonei-me, não conseguia parar de olhar. Havia mil quadros na exposição, mas meu olhar não saía do lugar. Perdia-me naquela estética que conciliava traços inconciliáveis. Encantavam-me a vista sem motivo algum. Era uma beleza única, indescritível, era tão rara que ninguém no local percebia.Meu plano era muito simples e armador. Iria gritar bem alto na exposição, que aquele era meu. Não importava se não estivesse à venda. Iria levá-lo de qualquer jeito. Iria pegar pelos braços e ir embora. Se alguém tentasse me deter, eu usaria à força.

Eram oito e meia, todos estavam distraídos, fazendo cara blasé. Aproveitei a distração e fui de encontro com a minha peça. Minhas mãos suavam, parecia que havia ratos no meu estômago e as bochechas ficaram levemente vermelhas. Percebi que seria impossível roubar a peça inteira, então mudei os planos: tasque-lhe um beijo. Um beijo assim roubado. Ele ficou ali parado, não sei se pensando se eu beijava bem, ou se eu era maluca.

*Texto escrito em homenagem ao meu namorado. Sim, o amor reapareceu para mim, em um vernissage (nome chique que se dá para exposição de quadros, que reúne pintores, fotógrafos e escultores).

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