Sessão de terapia

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Psicologia para mim era algo distante, coisa de artista. Uma vez vi a Maria Ribeiro falando da análise dela e pensei "caraca, que lucidez". Acho que eu e Maria acabamos indo para terapia pelo mesmo motivo, somos loucas. Não, brincadeira. Psicólogo não é coisa só de gente doida, mas são de pessoas que querem se analisar, se conhecer. Acho que a terapia proporciona certa lucidez.

Nessa busca de mim mesma, consegui com uma lanterna iluminar meus traumas, olhar para eles, enfrentá-los. O motivo que eu entrei na terapia foi muito simples, meus pais se separam, logo eu fiquei triste. Meus pais ao invés de entender com naturalidade o sentimento de tristeza. Afirmaram: "ela precisa de terapia!".

O que foi bom, a princípio estava lá por causa do divórcio, depois fui ficando por mim mesma. Não era só a relação com meus pais, que eu tinha que resolver, mas a relação comigo. Muitas pessoas vão a algumas sessões e desistem. Não é fácil ouvir coisas que não se quer nem pensar. Assumir pra si mesma que sua criação foi falha ou que faltou amor. Olhar para você e perceber que está desperdiçando a sua vida, sendo infeliz, ao invés de correr atrás dos seus sonhos.

O que eu percebo que temos muitos traumas, eles impedem que sejamos felizes ou que crescemos, mas desenterrá-los, desgastar de falar, chorar no meio de uma tarde no centro da cidade, por causa da infância, pode ser o melhor jeito de construir um futuro melhor.


Maria Ribeiroé atriz e documentarista. Participou do filme "Tropa de Elite" e "Entre nós". Escreve na revista TPM e é casada com o ator Caio Blat.

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